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João Caria Lopes

(Atelier BASE | CEACT/UAL)
joaocarialopes@gmail.com

 

Para citação: CARIA LOPES, João – A MANCHA, A LINHA E O PONTO. A metropolização de Lisboa revisitada. Estudo Prévio 12. Lisboa: CEACT/UAL – Centro de Estudos de Arquitetura, Cidade e Território da Universidade Autónoma de Lisboa, 2017. ISSN: 2182-4339 [Disponível em: www.estudoprevio.net]

Creative Commons, licença CC BY-4.0: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Resumo

Propõe-se, através deste ensaio, interpretações alternativas ao modelo vigente: a Mancha de Óleo – comummente utilizado na leitura da evolução da Área Metropolitana de Lisboa. Demonstrando, através da leitura crítica de cartografia multi-temporal e de dados censitários, que os fluxos demográficos e transformações urbanas entre campo, cidade e periferia são melhor definidos através de uma ideia de urbanização, expansão e conurbação entre pontos (lugares pré-existentes) ao longo de linhas (infraestruturas viárias) do que como uma expansão difusa em mancha que se supõe ter como centro de origem do derrame urbano, a cidade de Lisboa. A leitura que se propõe é a construção da metrópole não como uma simples expansão da cidade de Lisboa mas como um território com raízes próprias e locais, que cresceram e se conurbaram e continuarão a complexificar o território urbanizado, talvez rumo à constituição de uma megalópole e em último caso, da ecumenópole.

Palavras-Chave: Metropolização, Cidade, Periferia, Subúrbio, Mancha de óleo, AML, Lisboa, Rosário, Membrana Interdigital, Metrópole, Conurbação.

 

figura 1 – Montagem de ortofotomapas de Lisboa e de Mem-Martins (João Caria Lopes, 2015)

 

A cidade e o outro: introdução

Tendemos a avaliar o outro por analogia connosco próprios; o mesmo tem acontecido entre a Cidade e o seu outro – a Periferia Suburbana[1] – o que trouxe ao entendimento desta nova forma urbana, vagas designações como difuso, disperso, fragmentado, extensivo, descontínuo, e por conseguinte fixou-se uma imagem-modelo que é transversalmente usada para definir o tipo de desenvolvimento urbano da Lisboa-metrópole: a mancha de óleo.

A construção de imagens-conceito surgem como processo natural para o entendimento de formas complexas e a sua utilização simplifica a relação entre o meio e o habitante, sendo que esta construção tem, ou devia ter, como objetivo a legibilidade dos territórios a analisar/entender. (Lynch, 1982)

A comparação entre a cidade e a periferia, com escalas territoriais e dinâmicas temporais díspares, tem conduzido a uma leitura distante e equívoca, da nova forma urbana ainda em processo de consolidação: a Lisboa-metrópole, atualmente denominada por Área Metropolitana de Lisboa[2] (AML).

 

figura 2 – Fotografia aérea tirada por cima da Base Aérea Nº1, Pero Pinheiro- Sintra (João Caria Lopes, 2015)

 

Quando analisamos a evolução demográfica de Lisboa e das suas periferias, verificamos não estar perante uma cidade que tenha assimilado os habitantes oriundos do êxodo rural, num sentido centrípeto, esvaziando-se depois para os territórios contíguos, num sentido centrífugo, como o descreve o modelo aceite pela maioria dos agentes e investigadores envolvidos neste território.

Lisboa-cidade nunca teve mais de 808 mil habitantes (1981, INE 1960-2011), o que faz com que os restantes 2 milhões de residentes na AML, tenham vindo diretamente para a periferia, fazendo parte da evolução morfológica dos povoamentos periféricos, antes de fazerem parte da metrópole.

 

Ao rever o crescimento da metrópole, não como uma expansão centrífuga da Lisboa-cidade mas como uma série de expansões e conurbações de povoamentos periféricos, distribuídos ao longo das principais infraestruturas viárias, compreendemos a génese do território urbano atual e tornamo-nos capazes de criar novas imagens-conceito – desta vez legíveis e inteligíveis. Essa alteração na leitura do território tem o potencial para renovar todo o discurso científico e político gerado através dela e torna-se relevante para informar futuros planos de ordenamento ou de projetos de qualquer tipo de intervenção territorial.

 

  • Que leituras se podem fazer através do estudo da morfogénese da Área Metropolitana de Lisboa?
  • A imagem-modelo da Mancha de Óleo pode ser usada para interpretar a metropolização de Lisboa?
  • Que imagens-conceito melhor descrevem a sua evolução?
  • Que oportunidades são descobertas através de uma nova interpretação destes territórios?

 

figura 3 – Planta da Baixa de Lisboa, arq. Eugénio dos Santos (França 2005)

 

O centro do derrame: a cidade

Quando José- Augusto França, em 1980, publica “Lisboa: Urbanismo e Arquitectura”, escrito inicialmente para a coleção “Biblioteca Breve” do Instituto da Cultura e Língua Portuguesa, « […] não pôde apoiar-se, por inexistentes, em quaisquer histórias gerais da cidade de Lisboa […]» (França 2005). Pode-se afirmar, portanto, que este será o primeiro resumo histórico geral da cidade de Lisboa – focando os temas de urbanismo e arquitetura – e que a partir dele, muitos seguiram os seus passos e completaram as diretrizes por ele traçadas.

A partir da obra de José-Augusto França ficam estabilizados oito estágios determinantes para a história da cidade de Lisboa:

 

  • A Cidade Medieval– desde a localização junto ao rio Tejo à definição do termo de Lisboa em 1401, passando pela ocupação romana, pelas invasões bárbaras, pela construção da Cerca Velha, pela ocupação moura e pela conquista da cidade por D. Afonso Henriques até à construção da Cerca Fernandina.
  • A Cidade Manuelina e Filipina– definida pela importância que o Terreiro do Paço ganha com os Descobrimentos, a construção do Bairro Alto, o alargamento de uma série de ruas da Baixa, a construção de vários palácios fora das muralhas da cidade e a construção de uma nova cerca que abrange a cidade desde Santa Apolónia a Alcântara, passando por Campolide.
  • A Cidade Joanina– marcada pela continuação de edificações extramuros desde Xabregas a Belém, a construção do Aqueduto das Águas Livres e todo o sistema de fontes para dentro da cidade.
  • A Cidade Pombalina– definida pelo terramoto de 1755, pela operação política e urbana de Marquês de Pombal e pelo plano e reconstrução da Baixa Pombalina.
  • A Cidade Romântica– caracterizada pelo abrandamento da expansão urbana, pela construção de jardins públicos como o Príncipe Real e o Jardim da Estrela, pela construção da linha férrea até ao Porto e até Sintra e ainda pela definição de novos limites da cidade através de uma estrada de circunvalação, a “linha das barreiras”, desde a Cruz de Pedra, passando por Arroios, até Alcântara.
  • A Cidade Capitalista– desde a abertura da Avenida da Liberdade, passando pelas vilas operárias e pelos acrescentos em altura dos edifícios existentes, a iluminação de Lisboa através de eletricidade, o plano das Avenidas Novas, a expansão da cidade desde os Olivais, passando pelo Paço do Lumiar, até Algés.
  • A Cidade Modernista– marcada por obras, dentro da cidade, de arquitetos como Cristino da Silva, Pardal Monteiro, Continelli Telmo, Carlos Ramos e Cassiano Branco.
  • A Cidade do Estado Novo e da II República– fortemente marcada pelas obras conduzidas por Duarte Pacheco e definidas no chamado “plano De Groer” como as radiais à cidade de Lisboa, a Estrada Marginal, o arranque da A5 através de um novo parque mandado florestar, o Parque de Monsanto, a ponte sobre o Tejo, o Bairro de Alvalade e uma série de novos bairros de “casas económicas” mas também a construção clandestina ao longo das vias de saída de Lisboa e com ela a ideia de Grande Lisboa, contendo num primeiro raio de 10 quilómetros os concelhos de Loures, Oeiras, Almada, Barreiro e Seixal e num segundo raio de 25 quilómetros, Alverca, Loures, Sintra, Oeiras, Cascais, Montijo e Moita.

 

figura 4 Esquema geográfico da Grande Lisboa, 1952 (França, 2005)

 

A leitura da evolução cidade de Lisboa é assim construída à volta de uma imagem de um centro inicial (o castelo e suas muralhas) que apresenta um desenvolvimento urbano concêntrico e contíguo. As consecutivas circunscrições da cidade através da Cerca Velha (séc. V), da Cerca Fernandina (séc. XIV), dos vários Termos de Lisboa e mais tarde as estradas de Circunvalação e por fim as vias rápidas/auto-estradas CRIL e CREL, constroem a ideia de uma cidade que foi crescendo como um centro urbano em expansão contígua, de fácil leitura e fácil de identificar.

 

figura 5– Planta de Lisboa em 1940, coord. José Pires Barrosoin Revista Municipal nº 5 e 6, 1941

 

Os mapas que acompanham a história do crescimento da cidade de Lisboa de outros autores também nos descrevem essa cidade em crescimento, desde o alto da colina até ao rio (Salgueiro 2001) e mais tarde desde o Terreiro do Paço a Algés, a Telheiras e aos Olivais. Este tipo de leitura tem sido feito para muitas das cidades europeias, embora sejam diferentes na sua topografia e cronologia ou mesmo no seu tipo de expansão: concêntrica, em forma de estrela, linear ou em rede (Beaujeu-Garnier 1997).

 

figura 6O crescimento da cidade. (Salgueiro, 2001)

 

A mancha: a periferia das florestas de cimento armado[3]

Após o final da Segunda Guerra Mundial (1945), e ao longo do processo de Descolonização dos diferentes países europeus, assistiu-se a um aumento exponencial do ritmo de crescimento das cidades europeias. Em muitos países, como em França ou na Grã-Bretanha, este crescimento demográfico foi acompanhado por políticas de expansão urbana, criando novos aglomerados urbanos e até explorando tipologias novas como as New Towns ou os Grand Ensembles (Nunes 2011). Em Lisboa o crescimento demográfico não teve a mesma resposta política, e perante a falta de habitação, construíram-se em algumas décadas inúmeros bairros de iniciativa privada, desde a Reboleira (na Amadora) a Santo António de Cavaleiros (Loures) e nos espaços deixados vazios, autoconstruíram-se grandes bairros clandestinos, junto à capital, como o bairro de Casal de Cambra.

 

A leitura da expansão suburbana, a partir dos anos 50 e em paralelo ao discurso otimista da comercialização imobiliária, adquire um pendor social depreciativo e as palavras Subúrbio, Fragmentado, Difuso, Expansivo, em Mancha de Óleo são inúmeras vezes utilizadas, mesmo em âmbito científico, para descrever a morfogénese e o tipo de morfologia urbana atual da periferia. A história da metrópole é descrita e acompanhada de mapas que mostram um centro citadino coeso em expansão para os seus terrenos contíguos, como se um derrame em mancha de óleo se tratasse. A imagem da mancha de óleo surge como forma de aglutinar as urbanizações e autoconstruções que se vão espalhando pelos territórios, até então, rurais – descrevendo um movimento de expansão, de dentro para fora, do centro para a periferia. (Salgueiro 2001)

 

 

“A periferia de quase todas as grandes cidades obedece a este ritmo alternado de desenvolvimento que já foi qualificado de mancha de óleo.” (Beaujeu-Garnier 1997)

 

AML revisitada:de subúrbio fragmentado à freguesia metropolitana

Desde os anos 60 que termos comoExurbia (Vernon 1962), Metropolis (Vance 1964), Outer City (Herrington 1984), Edge City(Garreau 1992), Ville Archipel (Viard 1994), Troisiéme Ville (Mongin 1995), Métapolis (Archer 1995), 100 Mile City (Sudjic, 1992), Ippercittá (Corboz 1994) e Pulp Urbanscape (Gaspar 1999) têm sido utilizados para suportar reflexões sobre o crescimento de territórios plurais nas formas de ocupação e de povoamento, em torno de grandes cidades europeias e americanas.

 

No caso específico de Lisboa, recentes estudos sobre a alteração da mobilidade e da demografia analisada à escala da Freguesia – “Da cidade pedestre à metrópole do automóvel” e “Dos subúrbios citadinos aos subúrbios metropolitanos”, (Nunes 2009) – sobre a forma dos subúrbios contíguos a Lisboa – “Formas de habitat suburbano”, (Cavaco 2011) – sobre a infraestrutura rodoviária como linha condutora de territórios transgénicos – “A rua da estrada”, (Domingues 2012) – têm trazido para a discussão sobre os territórios difusos das periferias, uma grande quantidade de informação nova que nos permite começar a entender esses mesmos territórios, não como uma mancha impercetível que existe em torno de uma cidade, mas como lugares com especificidades próprias e com a sua própria história e desenvolvimento urbano e acima de tudo com características relacionáveis connosco e com a cidade. Tornam-se territórios desmistificados, ou pelo menos, legíveis.

 

Por outro lado, têm sido realizados na AML, estudos e metodologias de análise urbana através de sistemas tecnológicos recentes que nos apresentam Lisboa-metrópole de um ponto de vista macro e multi-temporal e até através de cenarizações da evolução metropolitana – como o modelo de Autómato Celular SLEUTH (Silva 2002) ou como a leitura fractal espaço-temporal da AML (Encarnação, S., Gaudiano, M., Santos, F.C., Tenedório, J.A. & Pacheco, 2012) – estudos esses que procuram a compreensão do território construído através do cruzamento entre dados censitários e mapas multi-temporais.

 

figura 7Spatial-temporal types of regions in MAL (Encarnação, Gaudiano, Santos, Tenedório, 2012)

 

A partir da leitura crítica do estado de arte sobre a metropolização de Lisboa pode ser entendido que só muito recentemente, na transição de séculos, conseguiu-se ter o afastamento necessário para começar a reler os territórios urbanizados durante a segunda metade do século XX e através dessas releituras começa-se, agora, a descodificar a aparente complexidade do movimento acelerado entre populações e construções que constituíram a metrópole de Lisboa.

Projetos de investigação ainda a decorrer como o Optimistic Suburbia[4] – que revela a construção dos subúrbios contíguos à cidade de Lisboa como operações urbanísticas planeadas e projectadas por arquitetos e urbanistas – ou como o Periurban[5] – que procura a distinção entre territórios periurbanos em diferentes tipologias e diferentes possibilidades de cenários futuros – mostram que o interesse e a necessidade de investigação sobre estes territórios é atual e que ainda há muito por entender para que os mitos e preconceitos, construídos em seu redor, sejam desmistificados de forma a podermos operar na área metropolitana com consciência e fundamento cientifico.

 

Estas novas abordagens tornam-se evidentes quando os territórios da periferia suburbana como até hoje têm sido descritos: “lugar de exclusão, da marginalidade e da segregação social, da anomia, da ausência de uma noção de pertença a um lugar, do défice de cidadania” (Domingues 1994) – transformaram-se em centros urbanos, ou melhor, metropolitanos, capazes de se distinguirem da narrativa depreciativa inicialmente construída em seu redor. Para ilustrar este caso, temos como evidência a consolidação de centros periféricos como a cidade de Odivelas, assim como é descrita por Vítor Durão no artigo Odivelas e a CRIL – Territórios, Arquitectura e Populações:

 

“Em apenas sessenta anos passámos no local de Odivelas por uma transformação que em grande medida nos transportou de uma vila/freguesia de vida local, em contexto agrícola, com uma cultura relacionada com o sítio, a uma vila de subúrbio absolutamente dependente de Lisboa nas atividades económicas, sociais e culturais, com grande expressão de trabalhadores na indústria com uma cultura muito relacionada com os meios sócio-profissionais, para uma cidade que já é uma centralidade com vida própria sendo cada vez menos subúrbio de Lisboa, em plena afirmação no sistema metropolitano […].” (Vieira de Almeida; Costa; Durão 2012)

 

A suspensão voluntária da descrença[6]: mancha de óleo ou rosário?

“O crescente tamanho da nossa área metropolitana e a velocidade a que a atravessamos criam muitos problemas novos à nossa perceção. A região da metrópole constitui, agora, a unidade funcional do nosso meio ambiente e é desejável que esta unidade funcional seja identificada e estruturada pelos que a habitam” (Lynch, 1982)

 

Não parece existir relação assumida entre dois tipos de leitura que definem Lisboa-metrópole – a leitura histórica da cidade de Lisboa e a leitura histórica da periferia de Lisboa. Estas interpretações urbanas são estanques e parecem ser omissas, talvez inconscientemente, para que a imagem da mancha de óleo a espalhar-se pelos territórios adjacentes à capital se mantenha íntegra. De facto, cada localização tem a sua história, semelhante à história da cidade de Lisboa: com o seu centro inicial, com o seu crescimento e progressiva expansão da área edificada, com os seus acessos principais, com os seus novos centros, com a expansão para fora dos seus limites, com a urbanização em terrenos livres e acima de tudo com o seu aumento exponencial de habitantes a partir dos anos 50 e a consequente resposta urbana a essa exigência demográfica. No caso da metrópole de Lisboa não há, nem nunca houve a chamada Cidade Genérica que é construída a sobre uma Tábula Rasa(Koolhaas 2007) – todo o território está e, desde cedo, esteve ocupado e significado com histórias e com assentamentos humanos, como se de uma Tábula Rugosa[7] se tratasse.

 

figura 8Carta chorografica dos terrenos em volta de lisboa – Bibliotecanacional-cc-1814-a_0001_1_p24-C-R0150

 

Por outro lado, se nos debruçarmos nos dados censitários dos últimos 60 anos, de 1950 a 2011, percebemos que a variação dos valores demográficos entre a cidade de Lisboa e a AML sem incluir Lisboa-cidade, não comprova a ideia de expansão do centro para a periferia, num movimento centrífugo – pelo menos descreve-nos dois ou mais movimentos diferentes. Ou seja, nos anos de 1970, Lisboa-cidade atinge o seu valor máximo de residentes – 807.937 habitantes – e desde então que tem vindo a perder residentes, até ao ano de 2010/11, mas por outro lado, a AML (s/Lx) descreve um aumento continuado até ao ano de 2009, atingindo nesse ano, o seu valor máximo de 2.350.983 residentes. Nos dados censitários e no mesmo intervalo temporal, podemos também conferir que, entre óbitos e nascimentos, ambos os territórios descrevem variações semelhantes – em Lisboa faleceram, em média, 7.500 pessoas/ano e nasceram 6.500 nados-vivos/ano; na AML (s/Lx), no mesmo período de tempo, faleceram, em média, 18.000 pessoas-ano e nasceram 24.000 nados-vivos/ano. O que nos dá uma perca de população de 71.000 pessoas para Lisboa-cidade e um ganho de 426.000 pessoas para AML (s/Lx).

 

Como podemos verificar no quadro 1, Lisboa-cidade perdeu um total de 262.722 habitantes, nos últimos 60 anos, já a AML (s/Lx) ganhou 596.267 habitantes, o que nos explica que houve apenas uma movimentação territorial de cerca de 180.000 habitantes e que os restantes já nasceram na periferia. Estes números são comprovados pelos recentes resultados do projeto de investigação Trajectórias[8], que concluí que a maioria dos habitantes da periferia, veio viver diretamente para esses territórios e que apenas 30% iniciaram a sua “experiência metropolitana”, em Lisboa-cidade. (Pereira; Ferreira, Coto 2013).

Podemos concluir que para descrever o acelerado crescimento urbano da AML, são necessários, pelo menos, dois movimentos demográficos, um esvaziamento citadino e um advento periférico.

O que nos interessa sublinhar é a necessária revisão da ideia de que houve um derrame urbano (Sprawl) que teve como centroa cidade de Lisboa, visto que saíram de Lisboa mais de 260 mil pessoas e, ao mesmo tempo, chegaram mais de 590 mil à Área Metropolitana de Lisboa.

 

1950 1960 1970 1981 1991 2001 2009 2011
Lisboa 783.236 802.230 760.150 807.937 669.290 564.657 479.884 545.245
variação + 19.004 – 42.080 + 47.787 – 138.647 – 104.633 – 84.773 + 65.361
perda – 262.722
AML (s/lx) 509.974 703.752 1.055.140 1.674.339 1.904.975 2.097.193 2.350.983 2.270.606
variação + 193.778 + 351.388 + 619.199 + 230.636 + 192.218 + 253.790 – 80.377
ganho + 596.267

 

quadro 1– Realizado a partir dos Censos (1950 a 2011) com a variação, perdas e ganhos populacionais na AML

 

Até agora já demonstrámos duas ideias-base que nos informam sobre a constituição de Lisboa-metrópole: a Tábula Rugosa – que nos demonstra existir uma ocupação humana, através de aldeamentos e de estradas ou caminhos sobre um território significado, com topografia, toponímia e rituais próprios – e o Advento Periférico – que nos chama a atenção para dois movimentos diferentes, da cidade para a periferia e do país para a periferia, sendo que o segundo, ao apresentar números superiores ao primeiro, vem demonstrar que imagens como a Mancha de Óleo não serão as mais acertadas para conhecer o processo metropolitano.

 

É através do levantamento realizado para o Plano Diretor da Região de Lisboa, nos anos de 1960, levado a cabo pelo Ministério das Obras Públicas – Direcção Geral dos Serviços de Urbanização – Gabinete do Plano Director da Região de Lisboa, que encontramos a chave para uma possível releitura do complexo território contemporâneo:

 

“Se como atrás se viu, Lisboa se apresentava na época como uma cidade na forma de dedos de luva, crescendo ao longo das linhas de transporte coletivo e na sua proximidade, os seus povoados suburbanos dispostos ao longo da Linha de Sintra aproximavam-se mais da figura de um rosário de núcleos residenciais e industriais sobre um fundo de campos agrícolas – na expressão sagaz dos autores da memória descritiva do Plano Director da região de Lisboa” (Nunes, 2007)

 

figura 9– Plano Director da Região de Lisboa, Anteplano, 1964: Cartograma nº14 – Inquérito e Análise – Aglomerados e Vias de Comunicação (Excerto da planta)

 

figura 10-Plano Director da Região de Lisboa, Anteplano, 1964: Estrutura Urbana Regional – Distribuição da População segundo a Estrutura Regional Proposta (Excerto da planta) – os núcleos urbanos consolidados estão representados a preto.

 

 

 

 

figura 11-Diagrama-esquemático – representação da expansão metropolitana como resultado da expansão e desenvolvimento dos vários aglomerados urbanos distribuídos ao longo das principais linhas viárias, como um Rosário (João Caria Lopes 2017)

 

Rosário é uma das palavras mais usadas, pela equipa liderada pelos arquitetos Meyer-Heiner e Miguel Resende – equipa que também efetuou o Plano Geral da Cidade de Lisboa (PGUL) publicado em 1967 – para definir o tipo de organização dos núcleos urbanos existentes e esta, esclarece-nos sobre um momento preciso entre os povoamentos rurais periféricos e o atual aglomerado metropolitano, onde é possível ler que ao longo das linhas de caminho-de-ferro (de Cascais, do Norte e de Sintra) foram desenvolvendo-se centros urbanos que consecutivamente se expandiram, dando forma ao início do processo metropolitano: o Rosário.

Este entendimento do território, definido por uma imagem-modelo criada através do levantamento do real, propõe a revisão da cartografia produzida com o intuito de ilustrar a ideia de periferias difusas e em mancha, desta forma, com um novo olhar, mais atento e esclarecido.

 

Outra interpretação determinante para o entendimento destes territórios é sem dúvida a Rua da Estrada (Domingues, 2009), cujo trabalho de tradução das novas realidades urbanas, transgénicas, que transitam entre o que é a cidade e o que já foi o campo. Se as localizarmos no mapa da AML, podemos dizer que se situam entre as linhas infraestruturais de expansão da metrópole de Lisboa, ou seja, são parte constituinte dos territórios periféricos entre as linhas do Rosário. Reformulando uma das palavras-conceito de Domingues: a Membrana – como algo que está entre, conecta e estrutura relações entre elementos diferentes – e se alterarmos a escala de representação, criamos uma Membrana Interdigital, nova imagem-modelo, capaz de nos informar da constituição da metrópole. Membrana Interdigital aplicada à leitura da urbanização de Lisboa-metrópole é capaz de conjugar elementos como as linhas infraestruturais (dedos), os centros urbanos distribuídos ao longo delas (nós dos dedos) e as diferentes Ruas da Estrada (membranas transparentes entre os dedos). Sendo que, no caso de Lisboa, os territórios que constroem essa mesma membrana, continuam em processo de urbanização e por isso, a imagem da membrana é uma imagem em transformação, como se estivéssemos a assistir à metamorfose de uma pele fina e transparente, rumo a uma massa corpórea e opaca – no nosso caso, rumo à consolidação da metrópole.

 

 

figura 12A and B.—Hand and foot of Hyla boulengeri (KU 102173), × 3. C and D.—Hand and foot of Hyla s. staufferi× (KU 57790), Project Gutemberg (LEON, 1969)

 

O Rosário, a Membrana Interdigital e a Metrópole: Conclusão

“O estudo histórico dos fenómenos urbanos ensinou-nos que desde cedo a urbanização estabelece laços de interdependência entre cidade e região: a primeira, gerindo e defendendo os recursos da segunda. Bem cedo, estas primeiras urbes começam a construir relações comerciais, culturais, políticas e diplomáticas com povoações afins, a distâncias mais ou menos remotas. O que vale por dizer que quando o fenómeno urbano emerge, o faz bem cedo “em rede”, na qual depende da economia de mercado num contexto territorial, cada vez mais vasto, de cidades interligadas entre si, por via marítimo-fluvial e por via terrestre (e mais tarde, por via aérea).” (Possolo 2012)

 

A constituição da metrópole de Lisboa não é definida, por tudo o que foi demonstrado, como uma Mancha de Óleo ou como uma expansãoDifusa, incapaz de ser lida na sua génese, morfologia e complexidade atual.

Ao contrário de Lisboa-cidade, que sempre foi lida como um centro em expansão anelar através das sucessivas muralhas – Cerca Moura, Fernandina, Circunvalações, Termos, Circulares Interna e Externa – a Periferia Suburbana foi desde cedo tida como uma expansão urbana ilegal, menor, desregulada, fragmentada, difusa e desconexa. Adquirindo, ao longo dos seus curtos anos de crescimento, um caracter depreciativo a todos os níveis: sociais, económicos, urbanos e arquitetónicos. Porém, os estudos mais recentes, revelam uma transformação profunda nestes territórios. O que era Suburbano está a evoluir para se tornar Metropolitano – as novas cidades e superfreguesias[9] estão em processo de consolidação e a melhorar consideravelmente as condições de vida, afirmando-se como centros urbanos capazes de gerar emprego, cidadania e estabilidade residencial – em estrita relação com a cidade de Lisboa, não como subúrbio dependente, mas como novo centro num território polinucleado.

Propõe-se, deste modo, a releitura dos dados e cartografia existentes e a revisão dos termos utilizados para definir a expansão metropolitana e para tal, é necessário ter em consideração que:

 

  • a AML não se constituiu sobre territórios vazios de gente e de significados;
  • A ideia de desenvolvimento urbano em Mancha de Óleo ou de um modo Difusa, não se aplica a Lisboa.
  • Pelo menos, deram-se dois tipos de movimentos demográficos e urbanos: o esvaziamento citadino e o advento periférico, sendo que o segundo conceito define que o maior número de residentes na AML veio viver diretamente para a periferia.
  • A metrópole foi constituída através do crescimento, expansão e conurbação entre vários núcleos urbanos, distribuídos ao longo das principais vias de comunicação – linha de Cascais, de Sintra, do Norte, estrada para Torres Vedras e travessias do Tejo em comunicação com o sul do país – espelhando o que os autores do Anteplano de 1964 definiram como o Rosário.
  • Os territórios ainda em consolidação são aqueles que estruturam a relação entre as linhas do Rosário e que em última instância são definidas pelo conceito de Rua da Estrada (Domingues 2009) – formando a possível imagem-modelo da Membrana Interdigital.

 

Os modelos de leitura alteram a interpretação do território e se forem desadequados às novas realidades podem distorcer ou confundir o suficiente até nos levar à inoperabilidade – daí a urgência de ter modelos interpretativos que possibilitem a leitura e a intervenção em territórios complexos.

 

A Periferia Suburbana pode e deve ser lida como um conjunto de lugares singulares que têm a sua evolução própria, em relação gravitacional com Lisboa e com outros centros urbanos, e se forem lidos como cidades em crescimento a caminho da metrópole, podem ser interpretados com as reais potencialidades que têm.

Relendo o que é difuso como estágio de um processo de metropolização, alteram-se os modos de leitura e consequentemente os métodos de intervenção – o que é espaço rural abandonado passa a ser vazio expectante, o que é um vazio entre dois aglomerados urbanos passa ser frente de expansão ou frente de conurbação ou até pode ser fixado como reserva natural metropolitana, o que são subúrbios passam a ser centros metropolitanos.

 

A leitura que se propõe é a construção da metrópole não como uma simples expansão da cidade de Lisboa mas como um território com raízes próprias e locais, que cresceram e se conurbaram e continuarão a complexificar o território urbanizado, talvez rumo à constituição de uma megalópole[10] e em último caso, da ecumenópole[11].

 

“- Ao contrário de ti – afirmei, – eu só reconheço as cidades e não distingo o que está fora delas. Nos lugares desabitados aos meus olhos todas as pedras e todas as ervas se confundem com qualquer outra pedra ou erva.
Desde então passaram muitos anos; conheci muitas cidades e percorri continentes. Um dia caminhava por entre esquinas de casas todas iguais: tinha-me perdido. Perguntei a um transeunte: – Que os imortais te protejam, sabes dizer-me onde nos encontramos?
– Em Cecília, não podia deixar de ser! Respondeu-me ele. – Caminhamos há tanto tempo pelas suas ruas, eu e as cabras, e nunca mais se consegue sair…  […] Não pode ser! – gritei. – Eu também, não sei há quanto tempo, entrei numa cidade e desde então continuei a penetrar cada vez mais pelas suas ruas. Mas como pude chegar aonde dizes tu, se me encontrava noutra cidade, afastadíssima de Cecília, e nunca mais saí dela?”(Calvino 1999)

 

 

figura 13– Ortofotomapa da margem norte da AML – a preto: o território construído (João Caria Lopes (2015)

 


Notas



[1]
Entenda-se Periferia Suburbana como a junção de dois termos utilizados para definir áreas urbanas não contíguas mas conectadas à cidade (periferia) e ainda em desenvolvimento urbano ou que tendem para a urbanização (subúrbio), neste caso também usado para distinguir a periferia que já se encontra num nível urbano elevado, diferente dos restantes tipos de periferia ainda com carácter rural ou industrial.

[2]Área Metropolitana de Lisboa ou Lisboa-metrópole incluí os concelhos de Lisboa, Oeiras, Cascais, Sintra, Vila Franca de Xira, Mafra, Almada, Seixal, Barreiro, Moita, Montijo, Alcochete, Palmela, Setúbal e Sesimbra.

[3]Apropriação do título do livro de João Pedro Nunes da Silva – “Florestas de cimento armado. Os grandes conjuntos residenciais e a constituição da metrópole (Lisboa 1955-1981)”

[4]Optimistic Suburbia – parte integrante do projecto de investigação Habitação para os maiores números: Lisboa, Luanda e Macau do DINAMIA-CET, ISCTE-IUL, financiado pela FCT 2013-2015

[5]Periurban – projecto de investigação entre o ISCTE, ISA e IST financiado pela FCT 2012-2015

[6]Suspension of disbelief or willing suspension of disbelief is a term coined in 1817 by the poet and aesthetic philosopher Samuel Taylor Coleridge, who suggested that if a writer could infuse a “human interest and a semblance of truth” into a fantastic tale, the reader would suspend judgment concerning the implausibility of the narrative. […]The phrase “suspension of disbelief” came to be used more loosely in the later 20th century, often used to imply that the burden was on the reader, rather than the writer, to achieve it. This might be used to refer to the willingness of the audience to overlook the limitations of a medium, so that these do not interfere with the acceptance of those premises. These fictional premises may also lend to the engagement of the mind and perhaps proposition of thoughts, ideas, art and theories. […]” http://en.wikipedia.org/wiki/Suspension_of_disbelief, 2015

[7]Entenda-se Tábula Rugosa como oposição a Tábula Rasa e em relação com o conceito de Ruga ou Prega de Gilles Deleuze (1989)

[8]Trajectórias residenciais e metropolização: continuidades e mudanças na AML – projecto de investigação do DINAMIA-CET, ISCTE-IUL, 2010-2013

[9]O termo Superfreguesias surgiu durante a discussão sobre a fusão de freguesias de Lisboa e ajuda a perceber a enorme dimensão territorial ou populacional que algumas freguesias atingiram, por exemplo, a freguesia de Algueirão-Mem Martins, que tem 16km2 e 4047 h/km2.

[10]O termo Megalópole define um conjunto de metrópoles conurbadas (baseado no conceito utilizado por Patrick Geddes)

[11]Ecumenópole como cidade global que cobre a totalidade de um país ou em última estância, do mundo (baseado no termo criado por Constantínos Apóstolos Doxiádis)

 

Bibliografia

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Biografia

João Caria Lopes . arquiteto

Licenciado em Arquitetura no ano de 2005 pela Universidade Autónoma de Lisboa.

Colaborou, de 2003 a 2008, no atelier de Manuel Aires Mateus – Aires Mateus e Associados – e colaborou pontualmente com o atelier Contemporânea de Manuel Graça Dias e Egas Vieira.

Fixou atelier próprio em 2008, atelier BASE, em colaboração com o arquiteto Carlos Lemos Sequeira e manteve a colaboração em concursos e projetos com diversos ateliers, de onde se destaca o atelier CVDB (Cristina Veríssimo e Diogo Burnay). Desde 2008 tem sido convidado a participar em diversas conferências em torno do trabalho desenvolvido no atelier BASE e em vários workshops como coordenador e tutor.

De 2009 a 2011 lecionou como professor assistente da disciplina de Projeto I e II na Universidade Autónoma de Lisboa, ao lado do arq. Manuel Graça Dias, arq. Pedro Reis e arq. Ricardo Silva Carvalho.

Desde 2011 é co-diretor da revista ESTUDOPRÉVIO do Centro de Estudos de Arquitetura, Cidade e Território da Universidade Autónoma de Lisboa – onde também participa como investigador convidado – juntamente com a diretora do CEACT, Drª. Filipa Ramalhete.

Entre 2013 e 2014, colabora como arquiteto coordenador no atelier Domusconcept, ano em que organiza um ciclo de conferências sobre arquitetura lusófona fora de Portugal – Domustalks.

Em 2014 é doutorando em Arquitetura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos e em simultâneo, recebe nesse ano, uma Bolsa Interna para Alunos do 3ºciclo para lecionar a disciplina de Arquitetura III e IV, 2ºano, no ISCTE-IUL, concluindo o ano de Estudos Avançados.

No ano de 2015 é convidado a integrar no projeto de investigação entre a UAL, a FCSH e a CCDRLVT: ASSIM – Activating Service-Sharing at Intermunicipal scale.

Em 2016 refunda o atelier BASE, com uma nova parceria com o arquiteto André Vieira de Castro e coordena o atelier que, até ao momento, continua em crescimento contínuo, de projetos, clientes e de colaboradores.