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Ricardo Carvalho

O Espaço Público – Introdução

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Os lugares públicos fixaram na Europa a mediação da subjetividade, a expressão e a experiência do comum e estão hoje num momento de charneira.  Oscilam entre a formalização que o século XIX lhes deu e que se propagou um pouco por toda a Europa e um presente que os associa principalmente ao consumo e a valores históricos e simbólicos. A praça é o recurso tipológico por excelência da cidade europeia, continuada pela cidade capitalista oitocentista e elevada a espaço simbólico da memória na cidade contemporânea.

Os lugares públicos da modernidade universal estão por norma distantes da matriz iluminista. Aceitam outra complexidade e propõem novas formalizações do comum. Um dos grandes desafios conceptuais colocados à arquitetura é precisamente o desenho do comum, da complexidade, da informalidade. Este desafio é acompanhado pelo processo de despolitização das sociedades contemporâneas que progressivamente se afastam da matriz grega para o conceito de público – “a exposição ao olhar” – e da civis romana. Porque público e privado hoje se confundem, a possibilidade da construção da praça é um modos para clarificar esta oscilação entre unidade e diferença. Sabendo que as cidades contemporâneas possuem a complexidade da despolitização não podemos deixar de afirmar que abandonar o espaço público é abandonar a política.

O dossier publicado neste número publica os artigos resultantes das comunicações apresentadas na conferência internacional Espaço Público. O Lugar da Praça na Cidade Contemporânea, organizada pelo DA/ UAL, em parceria com o ISCTE e o apoio da Ordem dos Arquitetos, em 13 e 14 de Janeiro de 2012.

Ricardo Carvalho