No número VINTE E CINCO da revista Estudo Prévio temos a satisfação de poder partilhar uma entrevista com o arquiteto paraguaio Solano Benítez, realizada aquando da sua presença no Departamento de Arquitetura da UAL como tutor de um Estúdio Vertical, iniciativa que se realiza anualmente e que convoca todos os estudantes para, em equipas compostas por alunos do 1º ao 5º ano, dar resposta ao desafio de pensamento e projeto lançado pelo tutor, sempre um convidado externo. Solano Benítez falou-nos sobre o contexto onde vive e explicou de que forma tem vindo a experimentar e investigar em arquitectura através do material, em particular o tijolo, e o modo como, através dele, podemos falar sobre sociedade, política, e o modo de entender o mundo. O desafio lançado aos alunos no âmbito do Estúdio Vertical incidia precisamente sobre estes aspetos e propunha que, a partir do tijolo, experimentassem livremente e construíssem uma reflexão sobre a arquitetura. Agradecemos à doutoranda Andrea Salazar Veloz a revisão do texto.
Sendo este um número emblemático, o 25, decidimos através dele associar-nos às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Desafiámos a arquiteta, e professora da UAL, Inês Lobo para convidar autores de várias áreas disciplinares para connosco partilharem visões, artigos e ensaios da sua visão sobre o tema “A cidade do pós-Abril”. O resultado concretizou-se num dossier que apresenta contributos da arquitetura, geografia, antropologia, direito, fotografia e arquitetura paisagista sobre os desafios que a Revolução de Abril encontrou num Portugal cujo território se encontrava estagnado em muitos aspetos e pouco desenvolvido noutros, mas também sobre o muito que se fez e sobre o que falta ainda cumprir, não só para resolver problemas persistentes, mas para dar resposta aos novos desafios que, entretanto, surgiram no mundo. Sendo um tema impossível de esgotar, cremos que os contributos que publicamos constituem perspetivas únicas e atuais para melhor compreender o passado, o presente e o futuro da cidade e da democracia em Portugal.
Publicamos também quatro artigos que resultam de investigações inéditas sobre projetos emblemáticos de arquitetura do século XX, ainda pouco estudados: Delia Ioana Sloneanu apresenta o resultado de uma investigação sobre a residência para a embaixada de Portugal em Brasília, projeto de Ricardo Bak Gordon e Carlos Vilela Lúcio; Maria Ana Castro Caldas Aboim Inglez sobre as Piscinas de Bellinzona de Aurelio Galfetti, Flora Ruchat-Roncati e Ivo Trümpy; Sofia Pinto Basto estabelece um paralelismo entre o livro Venezia Minore e o projeto da Sede do INAIL em Veneza, de Egle Trincanato; por fim, Victor Beiramar Diniz investiga e analisa o projeto da praia-piscina-flutuante de Eduardo Anahory.
Este número inclui ainda uma recensão de João Miranda da obra A substância das coisas, de José Adrião.
“Entonces, sí, me gusta imaginar que podemos pensar con esa libertad, que tal vez no tengamos por qué ser propietarios de algo o no, y eso no quiere decir que no nos cuestionemos sobre cómo tenemos que habitar, o cuáles son los acuerdos que tenemos que hacer para no abátenos tontamente sobre todo el mundo, no agotar los recursos, no tratar de reservar, cultivar, producir, etc., aquello que va a ser a nuestro mejor vivir. Pero es solo eso, no quiere decir que el derecho romano es indeclinable, irrenunciable, sí, fue una manera arbitraria, en algún momento, no sé si puede seguir siendo como antes. Entonces, si tenemos esa capacidad para observar con libertad lo que existe alrededor nuestro y convocarlo desde una ética interior que nos impulsa a ser en los otros y con los otros, entonces está todo por hacerse, una maravilla. Podemos inventar todo tipo de sociedad, ciudad, casa, etc.”
DELIA IOANA SLONEANU
“Para Ricardo Bak Gordon, o único lugar onde as ideias nascem é dentro da nossa cabeça, para depois serem trabalhados e investigados através de inúmeras ferramentas que os arquitetos têm ao seu dispor.”
MARIA ANA CASTRO CALDAS DE ABOIM INGLEZ
“É importante relevar a denominação que os autores atribuem ao projeto: Il Bagno. Mais do que Piscinas, a palavra italiana Bagno remete para um só elemento, uma só ação.”
SOFIA PINTO BASTO
“A produção teórica e prática de Egle Trincanato representa uma declinação do pensamento forte defendido pela corrente modernista.”
VICTOR BEIRAMAR DINIZ
“O universo de Anahory configuraria assim um encontro, transatlântico, entre perspetivas modernas que partem de Brasil Builds para chegar aos Verdes Anos.”
RICARDO CARVALHO & INÊS LOBO
“A cidade é o lugar onde cultura e tecnologia, homem e natureza, se encontram e geram uma possibilidade de bem comum. É, ainda hoje, o lugar da promessa e do confronto, da coesão e da proteção, mas também da instabilidade e exclusão.”
FILIPA RAMALHETE, MARGARIDA PEREIRA & GONÇALO ANTUNES
“As cidades eram compactas e contidas. Para além dos núcleos antigos, as extensões recentes, de dimensões variáveis, estavam apontadas nos anteplanos de urbanização dos anos 1940 e 1950.”
DUARTE BELO
“Percorremos as ruas de uma qualquer cidade portuguesa. Há edifícios de várias épocas históricas. Fazemos fotografias do espaço e do tempo. Não é fácil interpretar a realidade.”
ANA BRANDÃO
“Assente na relação entre cidade-sociedade, o texto vai percorrer as profundas alterações ocorridas ao longo do período democrático, acompanhando quer diferentes políticas urbanas desenhadas e implementadas, quer as dinâmicas de transformação territorial que tiveram lugar em resultado ou apesar das políticas existentes.”
MARIA MATOS SILVA & ANA BEJA DA COSTA
“Ao longo do tempo, a nossa relação com os sistemas naturais dos quais fazemos parte foi mudando. Experiências e memórias individuais e comunitárias foram construindo memórias coletivas, modelando diferentes culturas, diferentes modos de estar e agir no mundo em que vivemos. ”
PEDRO TROVÃO DO ROSÁRIO
“Do exposto resulta a existência de uma evolução nos meios democráticos, a par de um aprofundamento da descentralização, o que em si aproxima o poder político dos cidadãos, mas sem a afirmação da “cidade” como ente público, ou pessoa coletiva territorial.”
JOÃO MIRANDA
“A publicação surge na sequência da exposição homónima na NOTE — Galeria de Arquitectura e documenta a prática do atelier José Adrião Arquitetos (JAA) a partir de uma seleção de projetos com evidentes processos ancorados numa relação com as pré-existências e sob um ‘princípio na voz do território, no espaço e na sua duração tida em continuidade’ (ADRIÃO, 2023: 135).”
Revista estudoprévio . periodicidade duas vezes por ano . http://www.estudoprevio.net/ . estudoprevio@ual.pt
Propriedade e financiamento: CEU - Cooperativa de Ensino Universitário, C.R.L. . NIF. 501641238
Diretor: Filipa Ramalhete . Editor: João Quintela . Produção Editorial: Rodrigo Lino Gaspar e João Manuel Miranda
Morada da Redação / Editor: Rua Fernando Assis Pacheco, 207, 1350-300 Lisboa
Indexação: LATINDEX nº22494, DOAJ-Directory Open Access Journals.
Esta obra foi licenciada sob a Licença Creative Commons - CC BY 4.0
Distribuição: gratuita |
ERC: 127 941 . ISSN: 2182-4339
