JOÃO FAVILA
“Tudo começou com o desenho. Tive sempre uma paixão pelo desenho. O desenho para mim é uma espécie de processo mágico, desde muito miúdo.“
No número VINTE E QUATRO da revista Estudo Prévio retomamos as entrevistas aos arquitetos que são também professores de Projeto no Departamento de Arquitetura da Universidade Autónoma de Lisboa. Procuramos, assim, contribuir para a construção da memória de uma escola de Arquitetura que completa este ano 25 anos de existência. Neste número entrevistámos o arquiteto João Favila.
Neste número convidámos a antropóloga e investigadora Maria Assunção Gato para coordenar um dossier temático dedicado internacional ao tema do espaço doméstico no mundo contemporâneo, dedicado à forma como a casa, nas suas múltiplas formas e contextos culturais dá resposta a cenários de incerteza. O dossier “Uncertainties about housing and ways of living” conta com artigos de Ana Rogojanu, Maria Moreno, Nadezda Pazuhina e Maria Assunção Gato e Filipa Ramalhete.
Publicamos também um artigo de Rita Aguiar Rodrigues, que apresenta e analisa uma seleção de obras de Hans Döllgast, identificando os temas que se revelam mais relevantes e transversais nos seus projetos e um artigo de João Miranda que apresenta uma inovadora análise do processo de projeto da Casa Alenquer de Francisco & Manuel Aires Mateus “Casa em Alenquer”, com base em fontes primárias.
Por fim, este número inclui uma recensão de Tiago Leonardo dedicada à obra “água. e a casa é o mundo”, catálogo da última exposição do escultor Carlos Nogueira.
“Tudo começou com o desenho. Tive sempre uma paixão pelo desenho. O desenho para mim é uma espécie de processo mágico, desde muito miúdo.“
No número VINTE E TRÊS da revista EP – Estudo Prévio fazemos uma homenagem a Jean-Louis Cohen, um dos mais importantes historiadores da arquitetura contemporânea, que nos deixou prematuramente e de forma inesperada em agosto deste ano, através da publicação da entrevista realizada por Marta Sequeira e Rute Figueiredo durante a sua passagem pelo Departamento de Arquitectura da Universidade Autónoma de Lisboa para uma conferência no âmbito do Doutoramento em Arquitetura Contemporânea.
Neste número convidámos a arquiteta e professora Rute Figueiredo a coordenar um dossier temático que aprofunda as relações culturais, nomeadamente no campo artístico e arquitectónico, estabelecidas a partir da travessia do Atlântico, entre a Europa e a América. O dossier “Para ligar dois hemisférios” conta com artigos de Pedro Castelo, Karolyna de Paula Koppke, e Priscilla Peixoto.
Por fim, apresentamos um artigo de Ricardo Aboim Inglez, que investiga e dá a conhecer alguns dos momentos mais significativos do processo que deu origem à definição do projeto da Casa Lino Gaspar, do arquitecto João Andresen, e uma recensão de Andrea Salazar Veloz e Alejandro Becerra Martínez sobre o Plano Regulador de Quito, elaborado pelo arquitecto Guillermo Jones Odriozola entre 1942 e 1945.
“I am a storyteller. For me, every exhibition has a story and tells another story. In order to write the story and put it on the walls, I need to explain it and share it in a classroom or at a dinner table. “
No número VINTE E DOIS da revista EP – Estudo Prévio entrevistámos uma das figuras mais relevantes da arquitetura portuguesa contemporânea, já com uma longa carreira a projetar e pensar a arquitetura e, presentemente, presidente da Ordem dos Arquitetos, o arquiteto Gonçalo Byrne. Da conversa entre Gonçalo Byrne e os arquitetos Ricardo Carvalho e Rodrigo Lino Gaspar, resulta um testemunho de vidas que permite debater e questionar o contexto atual da arquitetura portuguesa, num momento em que a função primordial da arquitetura – a habitação – está a viver uma nova crise de ideias e valores.
Este número com uma recensão crítica, por Maria Pia Fontana, ao catálogo da recente exposição na Casa da Arquitetura “Flashback / Carrilho da Graça”, um artigo, resultado de uma pesquisa original de arquivo sobre um projeto de Peter Wilson (Luiz Júnior), e um ensaio visual de Eduardo Corales, resultante do projeto de inventário e investigação “POWERPOINT: registo gráfico e audiovisual de barragens portuguesas”. Por fim, apresentamos dois dossiers temáticos, um Dossier Teses, com a publicação da componente teórica de duas dissertações de mestrado de Thea Cuk e Marco Santini, e outro resultante do ciclo de conferências “Habitar o espaço Público”, coordenadas, em 2022, pela arquiteta Bárbara Silva.
“Porque a cidadania, é muito importante na questão dos direitos, dos deveres e da participação. Mas cidadania implica viver em espaço partilhado. E é aí que entra a arquitetura. E não entra sozinha, há mais gente envolvida, paisagistas, engenheiros.”
A publicação do número VINTE E UM da revista EP – Estudo Prévio tem início com uma entrevista muito especial, realizada aos arquitetos da Escola da Cidade de São Paulo e do coletivo UNA, Cristiane Muniz e Fernando Viégas. A entrevista foi realizada em dois momentos distintos, pelos arquitetos João Belo Rodeia e Bárbara Silva: começou com uma conversa no Da/UAL, em outubro de 2021, aquando da participação, como tutores, de Cristiane e Fernando no Estúdio Vertical realizado anualmente com todos os alunos do Departamento de Arquitetura da UAL, e continuou posteriormente, já por zoom, para retomar alguns dos temas que achámos importante desenvolver. Sendo a Escola da Cidade um projeto com semelhanças com o curso do Da/UAL, é muito interessante dar a conhecê-lo melhor. É também muito rico poder ouvir experiências profissionais de um contexto tão diferente do nosso como é o Brasil.
Este número conta ainda com quatro artigos e uma recensão crítica. Todos os artigos oferecem leituras inovadoras, por vezes até provocadoras, de arquitetos e obras que, apesar de serem muito conhecidos do público, estão ainda muito insuficientemente investigados. Falamos de dois arquitetos internacionais (Rem Khoolhaas e Sverre Fehn) e de um português (Gonçalo Byrne). Estes dois últimos resultam d investigações integradas em planos de doutoramento. Procuramos, assim, contribuir para uma discussão teórica mais rica neste campo. A recensão visita o livro escrito há uma década pelo arquiteto finlandês Juhani Pallasmaa, “Os Olhos da Pele. A arquitetura e os sentidos”, no qual o autor propõe uma abordagem que explora o edifício numa lógica multissensorial, para lá da visão do objeto.
“Do mesmo jeito que a gente tinha o compromisso com as gerações mais velhas, a gente também sabia que tinha de passar essa bola para os mais novos: o entendimento de escola enquanto continuidade.”
O número VINTE da revista EP – Estudo Prévio é um número muito especial. Em primeiro lugar, cessa nesta edição a colaboração do arquiteto João Caria Lopes, codiretor e fundador da revista, a quem a Estudo Prévio muito deve e agradece. Manter um projeto assim durante os seus primeiros dez anos de existência implica muita persistência e nunca deixar de acreditar que vale a pena apostar na sua qualidade e continuidade. Obrigada, João, e a melhor sorte para os projetos em curso e futuros! A EP – Estudo Prévio acolhe agora na equipa, com muito agrado e entusiasmo, os arquitetos João Quintela, como codiretor, e Rodrigo Lino Gaspar, na produção editorial.
Não quisemos deixar de celebrar o facto de termos chegado ao número 20. Para comemorar a chegada às duas dezenas de edições da revista convidámos os arquitetos Pedro Baía e Ricardo Carvalho para coordenarem um dossier histórico. Este dossier é composto por uma seleção de textos fundamentais na arquitetura portuguesa das últimas décadas, há muito esgotados ou hoje difíceis de encontrar, aos quais queremos dar nova divulgação, em português e inglês. Entrevistámos para este número o historiador de arquitetura Tim Benton, e cremos que a conversa que com ele tivemos abre perspetivas e análises inovadoras, que são a melhor forma de começar um número com este. Por fim, as duas recensões, da autoria dos arquitetos Miguel Judas e Rodrigo Lino Gaspar são dedicadas a revisitar duas obras (um livro e um plano), também elas fundamentais para compreender o contexto da arquitetura portuguesa contemporânea, partindo do que foi publicado, reivindicado e projetado ainda nos anos da ditadura.
“In order to teach, we have to be charismatic, we have to be persuasive, to inspire and that is good and bad.”
A publicação do número DEZANOVE da revista EP – Estudo Prévio retoma, ainda em contexto pandémico, uma tradição que tem sido uma constante na revista, os dossiers temáticos. Neste número convidámos o arquiteto Paulo Moreira, doutorado em Arquitetura, com investigação sobre a Cidade Informal, no contexto europeu e africano, que organizou um dossier que inicia com uma entrevista biográfica à arquiteta e urbanista Isabel Raposo e nos apresenta depois perspetivas de investigação em contextos territoriais distintos, Angola e Cabo Verde, terminando com uma recensão sobre um marcante livro sobre a realidade da favela brasileira. Como é habitual, a revista inclui, em texto e em áudio, uma entrevista a um arquiteto, desta vez ao escultor e professor Carlos Nogueira, uma entrevista que publicamos com especial prazer, uma vez que o professor Carlos Nogueira foi, durante muitos anos, professor no 1º ano do curso de Arquitetura da Autónoma, tendo contribuído de forma inolvidável – com as suas aulas repletas de arte e poesia – para a formação de centenas de arquitetos que passaram pela nossa escola.
A publicação do número DEZOITO da revista EP – Estudo Prévio ocorre em pleno contexto de pandemia, num momento em que a comunicação, o ensino e as práticas profissionais foram obrigadas a um grande esforço de adaptação a ritmos diferentes e à contingência do confinamento e da obrigatoriedade de trabalhar on-line. Neste contexto, procurámos manter as premissas que definiram a EP desde o seu início. Ao reler o primeiro editorial que escrevemos, em 2012, vemos que o tema principal era a “crise”. Quase dez anos volvidos, vivemos uma nova crise – desta vez não apenas económica, mas sanitária e sociocultural -, que nos tem levado a questionar os modelos de organização do trabalho, das cidades e do consumo, e a sua relação com o mundo rural. Neste contexto, faz sentido, na nossa opinião, manter uma dupla visão: por um lado, revisitar os autores e projetos do século XX e contribuir para a construção de um pensamento sobre a cidade contemporânea, que nos permita fazer uma ponte entre o passado e o futuro. Enquadram-se nesta categoria os artigos A ténue linha entre arquitetura e escultura: “The sculpture village” (1987), Frank Gehry e Anthony Caro e No encalço de Oscar e a recensão Nova Oeiras – o Plano do Bairro Residencial. Por outro lado, abordar temas que se dediquem à discussão de futuros modelos de organização do território e das cidades. É o caso do artigo Agricultura urbana em Lisboa: uma leitura histórica e uma perspetiva de futuro. Como é habitual, a revista inclui, em texto e em áudio, uma entrevista a um arquiteto, desta vez Egas José Vieira, com quem conversámos sobre a sua vida como aluno, docente e arquiteto, recordámos a sua colaboração com Manuel Graça Dias (1953-2019), figura emblemática da arquitetura em Portugal (fundador do curso de Arquitetura da Autónoma e o nosso primeiro entrevistado, no número 00). Terminamos com a mensagem de Egas José Vieira aos alunos de arquitetura: “É uma profissão maravilhosa! É certo que é difícil e está cada vez mais difícil o acesso ao trabalho, somos cada vez mais, mas é realmente maravilhosa, se o não fosse, não estaria aqui, ao fim de quase quarenta anos, entusiasmado, a falar dela” (p. 13).
Nesta publicação do número DEZASSETE da revista EP – Estudo Prévio, inauguramos um novo site, que responde a aspirações que já tínhamos há algum temo: uma melhor organização do seu conteúdo, uma atualização da experiência de quem a lê e ouve e também reunir as condições que nos permitam aspirar a mais e melhores indexações internacionais. Neste número, tivemos a oportunidade de juntar artigos que fazem parte de investigações em progresso e que nos permitem conhecer, com publicações originais, o que cada autor melhor conhece e os caminhos que está a percorrer. Contribuímos, assim, para a descoberta de melhor informação e de novos detalhes da história.
Com o presente número, não deixamos também de dar continuidade ao projeto editorial, promovendo a partilha e reflexão sobre novo conhecimento, aprofundado pelos nossos contribuidores e convidados, através da palavra escrita, falada, e também de narrativas de imagens, cruzando investigações de diferentes localizações geográficas, profissionais e temáticas, em prol de uma maior abertura a novos territórios do conhecimento. É com esse objetivo que publicamos mais uma vez, para além dos habituais artigos e recensões, um ensaio visual e uma recensão de projeto.
2020 está, sem dúvida, a ser um ano de mudanças, e o futuro apresenta-se incerto. É, por isso, com redobrada satisfação e esperança que operamos estas mudanças, para que em 2021 possamos celebrar o 10º aniversário da revista com novos projetos. Até breve!
“Os projetos servem para comunicar, vão comunicar por si só, não vamos estar lá para os defender, nem a falar sobre eles, vão ter a sua própria vida.”
Com o número #DEZASSEIS da revista Estudo Prévio, damos continuidade ao novo ciclo que, sem abandonar as características do projeto editorial – situado na academia, promovendo reflexão e partilha de conhecimento através da palavra dita e escrita, cruzando saberes e investigações de diferentes localizações geográficas e profissionais – pretende alargar o âmbito das colaborações já estabelecidas pela revista, desta vez tivemos a oportunidade de entrevistar o arquiteto Giorgio Santagostino e recebemos vários artigos que abordam territórios portuários e apontam para problemas e potencialidades destes mesmos territórios, agora de um ponto de vista urbano. Para encerrar, o presente número #DEZASSEIS ainda incluí uma recensão critica do livro de Le Corbusier Aircraft e, aproveitando o lançamento do livro do Da/UAL + CEACT/UAL acabamos este número com uma recensão/celebração sobre o livro – Fazer uma escola – To build a school Da/Ual20.
Fiz o curso no Politécnico de Milão, que, na altura, era uma escola com quase catorze mil inscritos, não havia frequência obrigatória…
Neste número #QUINZE publicamos uma série de artigos, em forma de Dossier Temático, que abordam estratégias de intervenção na e com a comunidade através de processos artísticos. Os textos que aqui publicamos são uma transposição para o formato de artigo científico de apresentações orais realizadas no âmbito da conferência internacional “Art, Materiality and Representation” organizada pela Royal Anthropological Institute em colaboração com o British Museum e o Departamento de Antropologia do SOAS em Londres. Em paralelo, mesmo antes de fazer uma conferência no Departamento de Arquitetura da UAL, convidámos o arquiteto Pere Buil para uma entrevista, onde partilhamos um pouco do seu percurso académico e profissional – dando, desta forma, continuidade à nova linha editorial que procura conteúdos em territórios contíguos à Arquitetura e à UAL. Para encerrar, o presente número #QUINZE ainda incluí uma recensão critica do livro Colonial Modern. Aesthetics of the past – Rebellions for the future, feita pelo arquiteto-investigador Paulo Moreira
Com o número #CATORZE da revista Estudo Prévio, através da entrevista a um dos professores de projeto da UAL, mantemos a opção de acrescentar valor ao projeto editorial inicial – situado na academia, promovendo reflexão e partilha de conhecimento através da palavra dita e escrita, cruzando saberes e investigações de diferentes localizações geográficas e profissionais – alargando o âmbito das colaborações já estabelecidas pela revista ao longo dos últimos 6 anos.
No mesmo sentido, retomamos o número com um tema definido, desta vez o território da Ilha da Madeira, como linha condutora que serve de mote para flutuações entre a palavra dita, o texto académico, a recensão e o ensaio visual. Contámos para compilar este número com a entrevista ao arquiteto/professor Rui Mendes, o ensaio visual do arquiteto/fotógrafo Duarte Belo, um artigo mais extenso sobre o Ordenamento do Território na Madeira do arquiteto Roberto Rodrigues e por fim uma recensão, não de um livro, mas de um plano, da autoria de Gerbert Verheij.
Alguns destes contributos, embora não completamente inovadores, procuram abordagens diferenciadoras, resultado de olhares que, cremos, contribuem de forma decisiva para alargar o atual pensamento face às problemáticas territoriais contemporâneas, que se complexificaram nas últimas décadas.
O percurso académico foi feito na Universidade Lusíada em Lisboa, no início dos anos 90, e foi um curso, assim visto em retrospetiva, bastante confuso…
Abrimos o número treze da revista Estudo Prévio com uma entrevista muito especial. Pela primeira vez, entrevistamos uma convidada internacional, a arquiteta eslovena Maruša Zorec, que nos falou do seu percurso como aluna, professora e arquiteta.
Neste número, publicamos ainda a componente teórica de duas dissertações de mestrado realizadas no Departamento de Arquitetura da Autónoma. Selecionados pela sua qualidade e originalidade, estes contributos ilustram de que forma a investigação pode informar e ser uma componente essencial do projeto de alunos que completam a sua formação em arquitetura. Por fim, apresentamos uma recensão da obra de Simon Sadler, que já se tornou um clássico para compreender o movimento internacional situacionista, The situationist city.
I studied at Ljubljana’s Faculty of Architecture in the eighties. The school was still quite academic and severe, although it was considered more an “academia” than a technical school…
Com o número #DOZE da revista Estudo Prévio, encerramos o projeto editorial inicial – situado na academia, promovendo reflexão e partilha de conhecimento através da palavra dita e escrita, cruzando saberes e investigações de diferentes localizações geográficas e profissionais – alargando o âmbito das colaborações já estabelecidas pela revista ao longo dos últimos 7 anos.
Num momento em que o debate em torno da investigação científica ganha contornos novos – nomeadamente face às inúmeras exigências de indexação, associadas a uma certa normalização da transmissão do saber -, e em que a definição do papel da investigação na arquitetura se intensifica, consideramos fundamental apostar em eixos temáticos inovadores e em abordagens heterogéneas dos vários saberes que concorrem para o pensamento sobre cidade e arquitetura. O facto de a Estudo Prévio estar ligada a uma escola de arquitetura com uma forte tradição projetual convida-nos a publicar experiências práticas, que possam contribuir para uma construção teórica mais alargada. Contudo, não podemos também abandonar abordagens mais convencionais, resultantes de décadas de produção de pensamento científico.
No quarto ano, a primeira vez que fui à escola foi no dia 25 de abril! De 1974, o dia da revolução! A partir daí as coisas mudaram, formámos uma comissão de alunos e fizemos uma lista de professores-arquitetos…
Com o número #ONZE da revista Estudo Prévio, damos continuidade ao projeto editorial inicial – situado na academia, promovendo reflexão e partilha de conhecimento através da palavra dita e escrita, cruzando saberes e investigações de diferentes localizações geográficas e profissionais – alargando o âmbito das colaborações já estabelecidas pela revista ao longo dos últimos 6 anos.
Num momento em que o debate em torno da investigação científica ganha contornos novos – nomeadamente face às inúmeras exigências de indexação, associadas a uma certa normalização da transmissão do saber -, e em que a definição do papel da investigação na arquitetura se intensifica, consideramos fundamental apostar em eixos temáticos inovadores e em abordagens heterogéneas dos vários saberes que concorrem para o pensamento sobre cidade e arquitetura. O facto de a Estudo Prévio estar ligada a uma escola de arquitetura com uma forte tradição projetual convida-nos a publicar experiências práticas, que possam contribuir para uma construção teórica mais alargada. Contudo, não podemos também abandonar abordagens mais convencionais, resultantes de décadas de produção de pensamento científico.
Neste sentido, compusemos um número heterogéneo, começando com uma entrevista ao arquiteto paisagista João Gomes da Silva, também professor na UAL, e alargámos o espetro das temáticas abordadas, com um conjunto de artigos sobre a cidade de Lisboa, e outros tantos baseados em teses universitárias, sobre temas diferenciados como a arquitetura recente na Turquia ou a coluna como elemento arquitetónico. Também pudemos contar com duas recensões críticas sobre livros que incidem sobre a cidade de Lisboa: “A internacionalização de Lisboa – paradiplomacia de uma cidade” e um clássico, “O Livro de Lisboa”, o que faz deste número um reflexo do interesse crescente pela cidade que habitamos, num momento específico do seu crescimento social, turístico e económico.
Estudei arquitetura paisagista. Licenciei-me na Universidade de Évora. Durante o liceu estava muito interessado em estudar a floresta, estava na área de ciências…
Com o número #DEZ da revista Estudo Prévio, damos continuidade a um novo ciclo que, sem abandonar as características do projeto editorial – situado na academia, promovendo reflexão e partilha de conhecimento através da palavra dita e escrita, cruzando saberes e investigações de diferentes localizações geográficas e profissionais – pretende alargar o âmbito das colaborações já estabelecidas pela revista.
Num momento em que o debate em torno da investigação científica ganha contornos novos – nomeadamente face às inúmeras exigências de indexação, associadas a uma certa normalização da transmissão do saber -, e em que a definição do papel da investigação na arquitetura se intensifica, consideramos fundamental apostar em eixos temáticos inovadores e em abordagens heterogéneas dos vários saberes que concorrem para o pensamento sobre cidade e arquitetura. O facto de a Estudo Prévio estar ligada a uma escola de arquitetura com uma forte tradição projetual convida-nos a publicar experiências práticas, que possam contribuir para uma construção teórica mais alargada. Contudo, não podemos também abandonar abordagens mais convencionais, resultantes de décadas de produção de pensamento científico.
Neste sentido, convidámos para esta publicação a professora catedrática Ana Tostões, e desafiámo-la a coordenar e organizar um dossier temático, com abordagens diversificadas de um mesmo tema / problema. Tivemos o orgulho de aceitar fazer um número da Estudo Prévio dedicado ao arquiteto Nuno Teotónio Pereira, compondo, através de vários testemunhos em discurso direto, um dossier in memoriam. Também pudemos contar com a divulgação de um livro de Nuno Teotónio Pereira, lançado recentemente pela Câmara de Lisboa, por Rita Megre. Publicamos ainda uma recensão crítica do livro City and Port de Han Meyer, por André Fernandes. Por fim, a entrevista deste número foi realizada ao arquiteto Telmo Cruz.
Desde que me lembro, sempre quis ser arquiteto. Venho de uma terra pequena, Seia, e a primeira memória que tenho é de estar no meu quarto – tínhamos uma televisão pequenina e eu ia para lá ver o Canal 2…
Com o número #NOVE da revista Estudo Prévio, damos continuidade a um novo ciclo que, sem abandonar as características do projeto editorial – situado na academia, promovendo reflexão e partilha de conhecimento através da palavra dita e escrita, cruzando saberes e investigações de diferentes localizações geográficas e profissionais – pretende alargar o âmbito das colaborações já estabelecidas pela revista.
Num momento em que o debate em torno da investigação científica ganha contornos novos – nomeadamente face às inúmeras exigências de indexação, associadas a uma certa normalização da transmissão do saber -, e em que a definição do papel da investigação na arquitetura se intensifica, consideramos fundamental apostar em eixos temáticos inovadores e em abordagens heterogéneas dos vários saberes que concorrem para o pensamento sobre cidade e arquitetura. O facto de a Estudo Prévio estar ligada a uma escola de arquitetura com uma forte tradição projetual convida-nos a publicar experiências práticas, que possam contribuir para uma construção teórica mais alargada. Contudo, não podemos também abandonar abordagens mais convencionais, resultantes de décadas de produção de pensamento científico.
Neste sentido, convidámos para esta publicação, o arquiteto e professor Paulo Tormenta Pinto, e desafiámo-lo a coordenar e organizar um dossier temático, com abordagens diversificadas de um mesmo tema / problema. O tema constitui em si uma nova abordagem à arquitetura feita a Sul – Dossier “Construir no Sul – Laboratório para os fundamentos da arquitetura portuguesa contemporânea”, e reúne um conjunto de autores e estudos com o qual cremos estar envolvidos num passo importante na divulgação de investigação relacionada com este tema, uma abordagem de pesquisa inovadora e pertinente, mas ainda pouco explorada e publicada. Este número inclui ainda três artigos, em resposta ao nosso convite direto, após termos assistido a esta série de conferências, dedicado à produção arquitetónica do hemisfério Sul – de autores essenciais sobre estes temas como Ana Tostões e Ana Magalhães.
Eu cresci numa casa muito grande, que era uma casa muito bonita, em Silves, no Algarve. Tinha sido desenhada por uma arquiteta, claramente influenciada pelo Raul Lino, era uma casa muito bonita, uma casa especial…
Com o número #OITO da revista Estudo Prévio, iniciamos um novo ciclo que, sem abandonar as características do projeto editorial – situado na academia, promovendo reflexão e partilha de conhecimento através da palavra dita e escrita, cruzando saberes e investigações de diferentes localizações geográficas e profissionais – pretende alargar o âmbito das colaborações já estabelecidas pela revista.
Num momento em que o debate em torno da investigação científica ganha contornos novos – nomeadamente face às inúmeras exigências de indexação, associadas a uma certa normalização da transmissão do saber -, e em que a definição do papel da investigação na arquitetura se intensifica, consideramos fundamental apostar em eixos temáticos inovadores e em abordagens heterogéneas dos vários saberes que concorrem para o pensamento sobre cidade e arquitetura. O facto de a Estudo Prévio estar ligada a uma escola de arquitetura com uma forte tradição projetual convida-nos a publicar experiências práticas, que possam contribuir para uma construção teórica mais alargada. Contudo, não podemos também abandonar abordagens mais convencionais, resultantes de décadas de produção de pensamento científico.
Neste sentido, convidámos – para os próximos números – autores com trabalho relevante na investigação ligada à cidade, à arquitetura e ao território. Estes editores são convidados a coordenar e organizar um dossier temático, com abordagens diversificadas de um mesmo tema / problema. Com primeira convidada, a antropóloga Maria Assunção Gato, especialista em investigação sobre a casa e a antropologia do espaço, que coordena o dossier “Etnografias da casa, valores e formas de habitar”, reunimos um conjunto de autores e estudos com o qual cremos ter dado um passo importante na divulgação de investigação relacionada com a casa, uma área de pesquisa fundamental e abrangente, mas ainda pouco explorada e publicada. Este número inclui ainda dois artigos, em resposta ao nosso convite aberto de submissões de artigos, um dedicado ao contributo das tecnologias de informação geográfica para o ordenamento do território (Susana Brito e Teresa Santos) e outro à investigação em projeto de arquitetura (Joana Vilhena).
Eu ainda faço parte do grupo formado na Escola de Belas-Artes de Lisboa, do primeiro grupo expressivo de Lisboa, que no final dos anos setenta, iniciou o curso na Escola do Porto…
Com o número #SETE da revista Estudo Prévio, completamos quatro anos de publicação, contando com oito edições, desde o número #ZERO ao atual número #SETE. Iniciámos em 2011, com a ambição de criar um projeto editorial situado na academia, que promovesse a reflexão e partilha de conhecimento através da palavra dita e escrita, cruzando saberes e investigações de diferentes localizações geográficas e profissionais.
Num momento em que a investigação em Arquitetura ainda se encontra em aberto e, inclusive, em questão, quisemos desde cedo cruzar temas que abordassem questões contemporâneas e recorrentes na profissão, desde a Crise e a Arquitetura Participada até aos Subúrbios e os Bairros. No presente número publicamos uma entrevista ao arquiteto Ricardo Carvalho, atual Diretor do Departamento de Arquitetura da Universidade Autónoma de Lisboa, um artigo na área do Direito, abrindo o leque a colaborações interdisciplinares, um artigo de investigação teórica sobre arquitetura e um dossier de três teses de mestrado, procurando divulgar a investigação de qualidade que se faz nas universidades, neste caso na UAL e no ISCTE.
Através das entrevistas fizemos um levantamento dos percursos académicos e profissionais de arquitetos reconhecidos internacionalmente, que cruzam a prática com a academia e, nalguns casos, com a investigação e publicação/divulgação da Arquitetura. Também divulgámos livros que são referências incontornáveis nos ateliers e nas universidades e apresentámos outros mais recentes, que também se tornaram importantes para uma reflexão sobre os vários territórios da arquitetura e do saber. A aposta numa revista bilingue e na qualidade da imagem foi assumida pela universidade, desde o início do projeto, como uma característica importante para a disseminação dos conteúdos produzidos, atingindo quarenta mil leitores ao longo destes quatro anos.
Neste momento, cabe-nos agradecer a todos, os contributos recebidos até hoje e as inúmeras colaborações que nos motivaram a continuar ao longo destes últimos quatro anos. Obrigado.
Entrei numa escola completamente à deriva onde dominava uma absoluta ausência de debate acerca dos temas de arquitetura (ou de outros quaisquer). Isso fez com que os meus colegas e eu tivéssemos de procurar, fora da escola, o que significava aprender a pensar e fazer Arquitetura…
Architecturology (Caroline Lecourtois, 2014), Research-by-design (Johan De Walsche, 2014), Action research (Johan De Walsche, 2014) , Research based design (Jorgen Hauberg, 2014), Practice based research, Research trough Architecture, Research in Architecture (João Menezes Sequeira, 2014) foram conceitos expostos e debatidos na 3ª Conferência Internacional sobre Arquitetura e Investigação com o tema Investigação sobre Arquitetura/Investigação em Arquitetura (Labart – Laboratório de Arquitetura do Centro de Estudos da Universidade Lusófona – Abril de 2011) e espelham com alguma clareza os diferentes tipos de abordagem à investigação em arquitetura que, atualmente, são debatidos no meio académico e profissional.
Os arquitetos entrevistados nos vários números da Estudo Prévio responderam com determinação que a prática profissional em que estão envolvidos – realização de projetos de arquitetura, da análise territorial até à concretização da obra, passando por todos os processos de pesquisa e seleção de metodologias construtivas e dos respetivos materiais – é em si mesma um método válido de investigação porque segue o procedimento normal de qualquer outro tipo de investigação: Tese, Antítese e Síntese. Partindo de um conjunto de pressupostos, constroem-se novas questões que são adotada, rejeitadas e resolvidas numa obra fechada e partilhável.
A problemática levantada pelas recentes teses doutorais em Investigação através da Arquitetura (Research through Architecture) centra-se na sua validade como objeto de estudo, principalmente quando os arquitetos/investigadores escolhem trabalhar sobre a sua própria produção arquitetónica. De certa forma, esta nova vertente doutoral obriga a uma maior abertura sobre os temas validados pela academia já que, até muito recentemente, apenas se fazia investigação sobre História da Arquitetura (monografias e historiografias temáticas), Urbanismo ou a Técnica em Arquitetura (métodos construtivos e elementos constitutivos).
Por outro lado, a crescente necessidade de cruzamento de saberes de várias disciplinas (presente em muitos dos projetos e coletivos dos últimos anos) parece tornar incontornáveis abordagens distintas das anteriores, na medida em que o resultado é cada mais uma síntese inovadora de vários saberes e não uma soma cumulativa dos mesmos.
O dossier que publicamos neste número são artigos resultantes das comunicações apresentadas na conferência internacional Espaço Público. O Lugar da Praça na Cidade Contemporânea, organizada pelo Da/UAL, em parceria com o ISCTE e o apoio da Ordem dos Arquitetos, em 13 e 14 de janeiro de 2012.
Nós formámo-nos na Faculdade de Arquitetura num tempo difícil da faculdade, naquele momento da grande vaga dos pós-modernistas em Portugal. Eu, na altura, estava a trabalhar no atelier do arquiteto Gonçalo Byrne…
Enquanto tema de investigação, o Bairro continua a ser um objeto urbano que acompanha a história da cidade e se conserva vivo no quotidiano e no imaginário coletivo dos seus habitantes, para além das alterações físicas e funcionais que vão ocorrendo.
O debate em torno do Bairro enquanto espaço de proximidade, de identidade e de promoção de práticas arquitetónicas, sociais e culturais ressurgiu nas últimas décadas, um pouco em contraciclo face às dinâmicas de mudança que caracterizam as cidades contemporâneas do mundo globalizado. Este ressurgimento parece ligar-se ao objetivo de preservar algo que a cidade terá de mais particular e específico em termos da sua identidade cultural e patrimonial. Para responder a este e a outros objetivos que vão surgindo multiplicam-se os movimentos locais, os agentes sociais, as ações e os projetos, tanto de natureza pública como privada.
Neste cenário parece ganhar cada vez mais sentido falar de Bairro no atual mapa das grandes cidades, onde – talvez paradoxalmente – a residência, o trabalho, o consumo e o lazer se localizam a vários quilómetros de distância e exigem deslocações motorizadas. Como tal justifica-se, por um lado, registar e divulgar aquilo que está a acontecer de mais significativo à escala local e, por outro, procurar analisar tendências e fenómenos para os enquadrar numa teoria mais vasta de estudos urbanos, com o objetivo de suportar o debate e as intervenções na cidade contemporânea. Colocam-se várias questões: a renovação da ideia de Bairro é uma necessidade urbana contemporânea? A importância e a disponibilização de fundos municipais para intervenções em Bairros dentro da cidade está ligada ao ressurgimento do debate em torno do Bairro? Estarão estas intervenções a sublinhar autenticidades locais ou a recriar Bairros glocais (globais+locais)?
O dossier que publicamos neste número resulta de um projeto de investigação que procurou cruzar vários saberes, em torno da temática do bairro, na Lisboa contemporânea. Partindo de trabalhos já existentes para uma abordagem que procura aprofundar o próprio conceito e os seus múltiplos significados e as correspondentes espacializações.
Frequentei a Faculdade de Arquitetura mas o meu curso foi um curso de Belas-Artes, feito na antiga escola no Convento de São Francisco. Era um espaço marcante, muito interessante nos corredores longos e largos e não tão interessante nas salas de aulas…
Villa Rotonda, Villa Savoye, casa Farnsworth, casa Malaparte, casa Rietveld Schröder, são nomes de casas tão conhecidas como qualquer museu internacional. O projeto de uma casa sempre foi, para o arquiteto, um espaço de investigação e de liberdade no campo da exploração de novos espaços e novas correlações entre eles, de novas organizações programáticas, de novos materiais e novas maneiras de construir o Habitar.
O Habitar está intimamente ligado aos primórdios da arquitetura e a casa sempre representou a possibilidade de trabalhar um programa que questiona todos os valores gerais da disciplina assim como as mais minuciosas problemáticas que cada pessoa valoriza no seu bem-estar quotidiano.
Trabalhos de levantamento e investigação como o Inquérito à Arquitetura Popular ou os estudos sobre a Habitação Social levados a cabo pelo LNEC com a coordenação do arquiteto Nuno Portas ou, internacionalmente, estudos realizados por autores como Engels, Alison e Peter Smithson sobre a habitação, vieram trazer à problemática do Habitar diversas atualizações das necessidades domésticas referenciadas a um determinado território, cultura e população especificas. Por outro lado, a divulgação global dessas mesmas investigações, assim como a massificação de um conhecimento generalista de todos os projetos realizados no mundo, e mesmo dos não-realizados, acrescentou uma proliferação de referências possíveis, propensa à utilização acrítica de colagens e influências transpostas para o projeto da casa. Em paralelo, e até paradoxalmente, assiste-se a um interesse crescente pelos materiais e técnicas locais e pela sua integração em obras contemporâneas.
Atualmente, vive-se numa época sem dogmas universais, mas pode dizer-se que, em termos de projetos de casas, se observa uma moda de influência japonesa que pinta tudo de branco e liberta os espaços para usos híbridos, funcionalmente desagregados da realidade quotidiana. Por outro lado, com o crescente mercado de remodelações na “Europa da Crise”, assiste-se a uma inércia crítica que usa o mesmo imaginário para todos os projetos: soalho de madeira ou autonivelante cinza claro, paredes, tetos, cozinha e casa de banho brancos, 3 quartos, sala, cozinha, 2 ou 3 casas de banho…
Presentemente, a mobilidade e o impacto da globalização na vida contemporânea permitem aos indivíduos vivenciar, diretamente ou de forma mediada, experiências de Habitar diversas – ao contrário do que acontecia na sociedade tradicional. Neste contexto, levanta-se um conjunto de novas questões sobre temáticas antigas:
– Serão as casas contemporâneas adaptadas às novas formas/ritmos de vida?
– Estarão os arquitetos a desperdiçar oportunidades de repensar e fazer evoluir o Habitar?
– Que outros saberes e disciplinas estão a pensar o habitar? Que conclusões avançam? De que forma este conhecimento é absorvido e integrado na arquitetura?
– Estaremos todos a reduzir o nosso bem-estar para nos adaptarmos às casas existentes?
– E, finalmente, que casa deve ser a casa contemporânea?
No presente número temos a oportunidade de publicar artigos dedicados a esta temática sendo contribuições que extravasam o campo restrito da arquitetura. O primeiro, pela Antropóloga Maria Assunção Gato, aborda a Casa como espaço privilegiado de expressão identitária e de representação social, desde a sua localização até aos objetos decorativos que a casa expõe às restritas visitas. O segundo artigo, pelo arquiteto Sérgio Silva e pelo matemático Francisco Blasques, desenvolve a possibilidade de incorporar, no processo de criação de um projeto, uma consulta pública, em formato de questionário online, para mapear as preferências individuais de possíveis utilizadores antes de as materializar em construção. A Casa surge neste projeto de mapeamento, Arquimetria, como exemplo experimental de um possível sistema ainda em processo que alia a Estatística à Investigação em Arquitetura e, potencialmente, à prática em Arquitetura.
Durante a Guerra Fria, o mundo foi subdividido em três categorias diferentes que agrupavam países consoante a sua aliança: Primeiro Mundo (Estados Unidos, Europa Ocidental, Africa do Sul e Austrália), Segundo Mundo (União Soviética, Japão e Cuba) e Terceiro Mundo (Africa, Médio-Oriente e América do Sul). Esta denominação foi alterada com a queda da União Soviética para uma distinção económico-social que continuava a dividir o mundo em três partes, mas agora como Países Desenvolvidos, Países em Vias de Desenvolvimento e Países Subdesenvolvidos. Atualmente, embora nenhuma destas divisões seja consensual entre as diversas organizações mundiais, todas se regem por diferentes indicadores estatísticos que estabelecem diferentes relações (económicas, sociais, humanas, políticas) entre países – o que inevitavelmente nos leva a significações como Países Desenvolvidos e Países Emergentes. Nos dias de hoje a lista de Países Emergentes do FMI (Fundo Monetário Internacional) incluí cerca de 150 países, desde a Etiópia e o Iémen à Croácia e ao Brasil.
Os países com economias emergentes são e serão sempre terreno fértil para novas propostas, novos projetos, possibilitando a concretização de muitas hipóteses teóricas e até projetos, que à partida, pareciam muito difíceis de viabilizar. Nos últimos vinte anos temos assistido, a nível mundial, ao desenvolvimento e crescimento económico de vários países – a China, os Emirados Árabes Unidos, e mais recentemente, Angola e o Brasil, entre outros – e acompanhando esse mesmo crescimento esteve sempre a possibilidade de se concretizar um sem número de projetos e propostas para um século novo…
Num momento em que maior parte dos nossos arquitetos estão a emigrar, ou a trabalhar a partir de Portugal para países emergentes, propusemos neste número abrir o debate adiado sobre o tipo de atuação dos Europeus em países emergentes e também sobre o tipo de encomenda feita a partir de lá, ou seja, sobre o tipo de interesse, desses mesmos países emergentes na atuação dos profissionais emigrantes ou profissionais em modo de “controlo-remoto”. Para uma nova geração de arquitetos, liberta do passado colonial, o desafio pessoal de trabalhar em países, onde poderão ter até a língua em comum, alia-se à oportunidade profissional de ver os seus projetos construídos. No entanto, ainda que – tal como refere José Adrião na entrevista deste número – os jovens arquitetos se encontrem bem preparados, do ponto de vista técnico e conceptual, na hora do confronto com a realidade, surgem muitas dúvidas e questões: que arquitetura fazer nestes contextos e como? A atuação que é esperado do arquiteto é a de profissional “estrangeiro”, agente da modernidade, ou antes de um profissional que integra modelos e promove continuidades? Como se ultrapassam as barreiras existentes (linguísticas, culturais, técnicas e inclusive a própria escala dos territórios)? Como tirar partido de tudo aquilo que pode ser inovador e potencialmente interessante em territórios em construção?
Curiosamente, os artigos recebidos pela Estudo Prévio estão em sintonia e descrevem e refletem sobre um tipo de atuação mais participado e colaborativo como método de projeto. Tanto o arquiteto Luca Astorri, que atualmente colabora com ONG em países como o Brasil e a Nigéria, como o arquiteto Paulo Moreira, em Angola, e como a arquiteta Raquel Henriques defendem o trabalho de campo e a como a melhor maneira de conhecer realmente o território e os seus habitantes e veem nessa mesma atuação o melhor processo de projeto, ao contrário do normal procedimento, assente no processo plano urbanístico/arquiteto/projeto encomendado ou concursado.
No final, teremos sempre territórios construídos. Resta saber como.
Entrei para a universidade em 1984, para o curso da Universidade Técnica de Lisboa. Lembro-me perfeitamente do primeiro dia em que entrei para a Escola de Belas Artes, sair do metro no Rossio e subir a Rua Garrett. Estudar no Chiado foi um privilégio…
Por volta dos anos 80, em Portugal, seguindo uma tendência que já era observável em muitas cidades europeias, assistiu-se à mudança de paradigma de atração das cidades, passando da fase centrípeta (onde a cidade atraía as pessoas para o seu centro) para uma fase centrífuga (onde a cidade se expandiu num movimento horizontal e disperso).Desde então, até aos dias de hoje, verifica-se que muitos desses subúrbios cresceram sem plano e sem nenhuma ambição de ordenamento do território, o que resulta num território expandido, disperso e descoordenado.
Apesar do esforço de algumas iniciativas para a resolução de várias zonas periurbanas, a verdade é que a maior parte resultou em arranjos pontuais de algumas cidades médias e não apontou nenhuma resolução para a desconectividade dos vários polos suburbanos, ainda dependentes da cidade-mãe. A figura do planeador – seja ele urbanista ou arquiteto – está frequentemente distante de qualquer discussão sobre os subúrbios, resultando na produção de instrumentos de gestão territorial sem “conceito”, o que resulta numa sobreposição de instrumentos que não ajudam a resolver efetivamente os problemas, criando contradições crescentes. Mesmo em termos de produção arquitetónica, são poucos os arquitetos autores que recebem encomendas situadas nos subúrbios, gerando um mito profissional de que “não dá para fazer nada de jeito” sem ser nas cidades – excluindo, é claro, casas de férias ou de fim de semana, em espaços bucólicos.
Neste contexto, o alargamento da discussão, e a possível desmistificação dos subúrbios, é dificultado pela ambiguidade e dispersão que o conceito é capaz de assimilar. O subúrbio tornou-se uma palavra capaz de integrar e significar espaços completamente díspares como o bairro segregado(r), a periferia, os limites da cidade, os bairros-dormitórios, as zonas industriais, cidades-satélite, arrabaldes, garden cities, cidade informal, não-lugar, ou, territórios periurbanos.
De um modo geral e aglutinador, podemos afirmar que a palavra subúrbio augura algo impreciso, em processo de se tornar tangível e reconhecível; algo que ao longo dos anos foi sendo utilizado para arrumar uma série de territórios indefinidos, ou que estavam a começar a ser entendidos; algo que é difuso e complexo. Porém, temos de enfrentar estes novos territórios, com uma proatividade positiva, procurando novos conceitos operacionais e aprofundando o nosso conhecimento das diferentes situações reais, para que possamos compreender melhor os vários tipos de subúrbios, e atuar sobre eles da melhor maneira possível.
Esperamos que este número UM do Estudo Prévio seja um contributo para o debate em torno desta extensa problemática que vagueia no inconsciente de todos nós e que se consiga transformar os subúrbios em territórios férteis que promovem soluções para o “bem-estar e bem-ser” do ser humano.
Já lá vão mais de 50 anos. Devo ter entrado para Belas Artes em 53 ou 54, não me lembro bem. Eu sempre andei em colégios, morávamos na Parede, portanto andei sempre na Parede…
A prática em Arquitetura está intrinsecamente ligada à vida na Terra, às suas variações climatéricas, aos diferentes estados de desenvolvimento de cada população e a cada uma das suas especificidades locais e mundiais. E é deste ponto de vista que nada se exclui da prática em arquitetura.
Também a CRISE virá influenciar o modo de pensar a Arquitetura em geral, assim como já tem alterado o modo de agir do arquiteto perante os diferentes desafios que lhe são colocados atualmente. Cada vez mais, fora da mainstream, vão surgindo novos princípios e sistemas complexos que exploram maneiras alternativas de nos posicionarmos perante o desequilíbrio do sistema que todos se tinham esquecido que era frágil – o sistema capitalista. Fora do sistema que cria arquiteturas da imagem através de formalismos demasiados dispendiosos para serem suportados durante um período de tempo alargado, são levantadas questões e encontradas soluções capazes de colocar a prática contemporânea que conhecemos em xeque-mate. De modo algum podemos deixar passar esta oportunidade para olhar para o lado e partilhar conhecimentos sobre outras realidades, outras práticas, outras maneiras de pensar e de agir, de modo a conseguir colocar melhores questões e encontrar melhores soluções.
Terá o arquiteto poder para ajudar a resolver alguma CRISE? Que mudanças poderão ser propostas e que outras serão inevitáveis? Mas afinal que CRISE vivemos hoje?
Começamos esta série de publicações com o tema mais debatido nos dias de hoje – a CRISE – e para dar início ao debate e partilha de conhecimento, convidámos a participar com os primeiros artigos, a Dª Lia Vasconcelos – doutorada em Engenharia do Ambiente/Sistemas Sociais, mestre em Arquitetura e Planeamento Regional e Urbano e coordenadora de diversas iniciativas de participação colaborativa na governância política – e o atelier chileno AlBorde – que tem desenvolvido o seu trabalho à volta da utilização sustentável dos recursos, da redução de gastos supérfluos na construção, da utilização de sistemas de entreajuda comunitária e do retorno à noção primitiva do habitar o planeta.
Temos, assim, duas abordagens: a do atelier para quem as novas dificuldades são o motor para novas abordagens; e a que defende que o caminho que nos trouxe até aqui não é aquele que nos permitirá avançar, nem encontrar respostas inovadoras. As duas encontram-se na criação de comunidades de prática que resultam da integração de vários tipos de saberes, formais e informais, na busca da solução mais adequada para cada crise, ou situação.
Paralelamente convidámos o arquiteto Manuel Graça Dias para uma conversa nos estúdios da UAL, onde pudemos saber mais um pouco sobre o seu percurso como aluno, professor e arquiteto, e através da mesma entrevista acabámos por falar da educação falhada que resulta em alunos insensíveis e acríticos e da falta de flexibilidade do Estado para desenvolver sinergias positivas – em resumo, sobre as várias crises do país e da soma de todas na atual CRISE em que vivemos.
No Liceu tive um professor muito interessante, muito forte, muito marcante, o Pintor António Quadros, que foi parar a Moçambique, onde eu estava nessa altura, e foi nosso Professor de desenho…