Maria Assunção Baião Gato
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), DINÂMIA’CET, Lisboa, Portugal.
magoo@iscte.pt
Bolseira de Pós-Doutoramento no DINÂMIA’CET – Centro de Estudos Sobre a Mudança Socieconómica e o Território /ISCTE-IUL
Resumo Curricular: Maria Assunção Gato é doutorada em Antropologia Cultural e Social pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas na Universidade Nova de Lisboa. Atualmente é investigadora e bolseira de pós-doutoramento no Centro de Estudos Sobre a Mudança Socioeconómica e o Território do Instituto Universitário de Lisboa (DINÂMIA’CET-IUL). Foi investigadora convidada no Centro de Estudos em Arquitetura, Cidades e Territórios da Universidade Autónoma de Lisboa (CEACT/UAL). Colaborou como investigadora com o Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA-FCSH/UNL) e com o Centro de Investigação e Estudos em Belas Artes da Faculdade de Belas Artes de Lisboa (CIEBA-FAUTL).
Resumo
Os bairros continuam sendo representações coletivas espacializadas, de definição difícil, de entendimento complexo, de escalas indefinidas, de fronteiras invisíveis e cuja diversidade se multiplica na proporção direta das realidades socioespaciais identificadas enquanto Bairro. Por um lado, não existe uma definição única, simples e universalmente partilhada de Bairro, capaz de retratar todo o emaranhado de relações que se estabelecem entre uma comunidade e o seu espaço. Por outro lado, não existe uma justificação única que explique porque é que determinados lugares são facilmente reconhecidos como Bairro, enquanto outros, mesmo integrando a palavra na sua nomenclatura, dificilmente conseguirão construir e refletir uma identidade social espacializada. Contudo, existe um elemento que, sendo de presença constante em todas as tipologias de bairro pode, claramente, marcar a diferença e que é o capital social. São as pessoas, através das suas características sociais e culturais, das suas ações, das motivações que impulsionam a sua participação na vida dos bairros onde residem que podem “fazer bairro” onde ele não existia, bem como fortalecer e dinamizar outros que foram existindo enquanto tal. Campo de Ourique e Telheiras são os dois exemplos escolhidos neste texto para ilustrar a importância do capital social existente nos bairros.
Palavras-chave: capital social, sentido de bairro, efeito de meio
Maria Assunção Gato
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), DINÂMIA’CET, Lisboa, Portugal
Campo de Ourique . Nuno Pires Soares – All Rights Reserved
‘São as pessoas que fazem o bairro’: Capitais sociais em contexto de Bairro
Ainda o Bairro…
No seu livro O Urbanismo Depois da Crise, Alain Bourdin (2011) avança com o termo “palavras-contentor” para se referir a um conjunto de conceitos vagos que, independentemente das línguas em que são proferidos, se mantêm fluidos e difíceis de definir. De acordo com Bourdin, estas “palavras-contentor” apresentam a vantagem de deixar a cada um a possibilidade de produzir as suas próprias interpretações, o que facilita a comunicação entre todos através de um entendimento por ajustamentos sucessivos.
Fazendo uso do termo de Bourdin, a palavra Bairro pode ser entendida como uma dessas “palavras-contentor”, na medida em que continua sendo um conceito difícil de definir com exatidão e universalidade, não obstante a ampla utilização que dele se tem feito ao longo da história da cidade de Lisboa e que continua a ser feita atualmente. A fluidez do Bairro enquanto conceito acaba por resultar da sua capacidade de gerar um entendimento geral muito aproximado relativamente à inteligibilidade de uma realidade, que sendo espacial é, simultaneamente, social, cultural, histórica, arquitetónica e simbólica. Assim e compondo-se esse entendimento de fatores objetivos e subjetivos, a fluidez não deixa de ser perpetuada, nem o conceito deixa de ganhar profundidade analítica e riqueza científica através das diferentes dimensões que o constituem.
A par do conceito vago e fluido que distingue um determinado território no interior da cidade, o Bairro é também uma representação construída e reconstruída no coletivo, quer por parte dos residentes e das suas vivências quotidianas, quer por parte do exterior anónimo que o observa. Uma representação coletiva que é igualmente partilhada enquanto memória social e que confere ao bairro a falsa ilusão de espaço cristalizado no tempo. Relativamente a esta memória social refere Connerton (1999) que as imagens do passado são, de um modo geral, convergentes e legitimadoras da ordem social presente. Daí a memória social conferir sentido ao todo coletivo, fornecendo a cada indivíduo as referências de que necessita para interagir socialmente, para conhecer o grupo e se reconhecer nele, sendo que uma parte deste conhecimento/reconhecimento resulta da negociação com o exterior.
Os elementos externos ao bairro – visitantes, utilizadores, turistas, consumidores – são igualmente importantes para a leitura do bairro e consequente representação socioespacial, na medida em que lhe “emprestam” identidades e contribuem para a sua perceção (Barreira, 2007). Uma perceção que, por vezes, tende a basear-se numa cristalização do passado e numa homogeneidade social que não existe.
Da mesma forma que os bairros devem ser pensados de acordo com a contextualização histórica e urbanística da cidade – mas adaptando-se às novas temporalidades – também devem ser vistos como espaços habitados por uma diversidade crescente, quer de grupos sociais quer de nacionalidades, sem que essa diversidade ponha em risco a identidade própria de cada um. Estas identidades de bairro podem ser construídas e vividas de múltiplas formas e até manipuladas entre o interior e o exterior. Mas será no conjunto dessas especificidades que se forma uma “sociedade de bairro” (Costa, 2008), construída e reconhecida por uma multiplicidade de factos históricos, culturais e sociais que conferem a cada bairro um caráter único e diferenciado no contexto da cidade.
De acordo com Lefebvre (1970), um bairro será o maior dos pequenos grupos sociais e o menor dos grandes. Pode também ser entendido como unidade sociológica relativa subordinada porque, apesar de não definir a realidade social, é necessária à sua compreensão, sendo ao nível do bairro que o espaço e o tempo dos residentes toma forma e sentido no espaço urbano.
Se, por um lado, é através do bairro que os residentes orientam as suas realidades espaciotemporais, por outro, o bairro continua a afirmar-se como um espaço que, em primeira instância, é residencial. Melhor dizendo, o bairro alimenta-se dos seus residentes e das relações recíprocas entre eles e com o espaço que partilham. Assim, o bairro surge como espaço de uma sociabilidade intermédia, de transição entre o domínio do privado residencial e o espaço global e anónimo da cidade, um lugar de investimento afetivo, de interconhecimento e também de controlo social (Remy e Voyé, 1997). Fatores que poderão ganhar maior dimensão consoante a capacidade de mobilidade dos residentes entre o espaço que habitam e os outros espaços de vivência quotidiana, a necessidade de manter essa mobilidade, bem como o grau de satisfação que conseguem obter do comércio e serviços existentes no bairro.
Neste contexto poder-se-á dizer que um bairro é feito de fatores determinantes e de fatores determinados, uns e outros muito marcados pelas pessoas que o habitam e respetivas vivências. Pessoas que são diferentes em termos de nacionalidade e proveniência social, de instrução, de profissão, de interesses, de estilos de vida, de ritmos quotidianos, de práticas de sociabilidade. Do somatório de todos estes elementos resulta a constatação aparentemente “simples” de que os bairros são diferentes na medida em que, para além das componentes espaciais, refletem o capital social, cultural e identitário em presença.
Porque é que os bairros continuam a ser importantes?
A resposta à questão ‘porque é que os bairros continuam a ser importantes?’ será, à partida, tão complexa quanto a variedade de situações concretas que poderão ser analisadas e a diversidade de perspetivas de quem analisa. Numa perspetiva política, a “Carta Estratégica de Lisboa” – desenhada para 2012 e anos subsequentes numa linha orientadora de estratégias e políticas municipais – não poderia ser mais apologista do bairro enquanto escala urbana a privilegiar. Neste documento estratégico não só a ‘Lisboa Cidade de Bairros’ surge como um dos principais eixos a considerar em sede de revisão de Plano Diretor Municipal, como o bairro surge enquanto unidade espacial e temporal estruturante, com as escalas humanas e as identidades locais a merecerem uma atenção renovada.
Numa perspetiva económica, também vem sendo evidente a aposta que o mercado imobiliário procura fazer ao nível da reabilitação urbana e na construção de produtos imobiliários diferenciados em áreas mais antigas, centrais – e por vezes também degradadas – da cidade de Lisboa. Este facto apresenta efeitos visíveis não só ao nível da promoção económica dos terrenos, mas também da valorização social e simbólica destes lugares, muitos deles entendidos e sentidos como bairros. Através desta dupla valorização vão chegando aos bairros grupos de novos residentes, mais jovens, mais qualificados e alguns também de estratos socioeconómicos mais elevados que a população original. Para além dos produtos imobiliários diferenciados, estes novos residentes também são atraídos pelo ‘efeito de meio’1(Costa, 2009) e por dinâmicas de proximidade social que são imputadas à vida de bairro.
Numa perspetiva social e cultural que, em certa medida, é indissociável da económica, muitos bairros de Lisboa vão refletindo mudanças notórias ao nível dos residentes, das suas vivências e do próprio espaço que lhes serve de suporte. Algumas dessas mudanças passam, obviamente, por processos de gentrificação (Smith, 2002; Lees, 2003; Authier e Bidou-Zachaniasen, 2008), numa fórmula mais simplificada, ou em modos de ocupação (Bourdin, 2008) mais complexos e diversificados do ponto de vista sociocultural. De acordo com Bourdin, o modo de ocupação não é consequência da instalação de residentes de estratos socioeconómicos mais elevados comparativamente à população original (tal como supõe o processo de gentrificação) mas antes, a construção de um estilo de vida que envolve a diversidade de atores e de fatores – situados num espaço urbano – em pertenças e identidades de grupo mais ou menos fortes. Neste sentido, o bairro não só se revela como um lugar especialmente propício à circulação de informação, ideias, valores e à difusão de inovação e criatividade, como também se reabilita enquanto “lugar antropológico” (Augé, 1994) e idealizado enquanto um “espaço bom para viver” dentro da cidade impessoal e anónima.
Em paralelo com as funções identitárias e integradoras que participam da sua idealização enquanto “lugares antropológicos”, os bairros podem ter também um papel ativo junto das diferentes entidades que gerem e intervêm nos territórios urbanos. Enquanto espaços privilegiados para vários investimentos por parte da comunidade residente (Remy e Voyé, 1997), os bairros são também excelentes cenários de intervenção, nomeadamente; pela atenção que podem dar a problemas concretos e à identificação de necessidades, pela definição de prioridades de intervenção, pela visibilidade que determinadas ações e projetos locais podem ganhar. Assim, se é à escala local que muitos dos processos de inovação e outras iniciativas culturais mais facilmente podem ocorrer, não raras vezes se percebe que os impactos dessas iniciativas locais podem ir para além do bairro e até estender-se a toda a cidade (Moulaert et al. 2010).
Contudo, um dos aspetos relevantes para o sucesso destas iniciativas locais é a heterogeneidade social e cultural dos intervenientes, quer para facilitar a rede de relações entre diferentes instituições e agentes sociais, quer para promover a capacitação de todos os intervenientes. Especialmente em momentos economicamente difíceis como os que agora se experienciam, tanto a capacitação como toda uma série de redes e iniciativas locais podem ganhar particular importância no contexto dos bairros e naquilo que eles representam em termos de capital social. Mais especificamente, na quantidade e qualidade de redes e relações sociais que se estabelecem no espaço do bairro e que, não só conferem sentimentos de pertença, identidade, confiança e segurança, como também facilitam e potenciam as ações dos atores sociais nele localizados. Não pretendendo alongar aqui uma discussão teórica em torno de um conceito sociológico de elevado cariz heurístico como é este de capital social, torna-se porém necessário situar o entendimento do mesmo relativamente ao assunto aqui em relevo – os bairros de Lisboa.
Potencialidades do capital social à escala do bairro
O capital social tende a referir-se às consequências positivas da sociabilidade. Dito de outra forma, o capital social diz respeito às vantagens que podem resultar para o indivíduo do seu envolvimento e participação em grupos sociais, chamando a atenção para o poder das relações sociais enquanto fonte de influência e capacitação para a resolução de diversas questões sociais (Portes, 2000). Ainda que uma das fontes originárias deste conceito seja atribuída a Bourdieu (1980, 1986), vários autores têm vindo a trabalhar sobre o capital social, quer enquanto instrumento de mobilização de recursos e motivações sociais variadas, quer enquanto fonte de múltiplos efeitos e consequências, tanto individuais como coletivas (Loury, 1977, 1981; Coleman, 1988, 1990; Putnam, 1993, 2000; Portes, 2000 entre outros). No âmbito dos efeitos e consequências também existe margem para a ocorrência de aspetos menos positivos2.
À escala dos bairros, o controle social poderá resultar num efeito menos positivo do capital social existente, na medida em que frequentemente implica restrições à liberdade individual de cada um. Os nivelamentos descendentes dirigidos internamente a determinados grupos por parte de outros ou dirigidos a partir do exterior a todo o bairro também serão efeitos menos positivos que se observam com alguma frequência, sobretudo em bairros que localizam uma população socialmente mais carenciada. Contudo e num balanço entre efeitos positivos e negativos será de admitir que a existência de redes sociais e de troca a vários níveis num determinado espaço representará um recurso do qual poderão advir múltiplas vantagens, quer para os indivíduos, quer para o espaço que os situa.
Conduzindo o conceito de capital social para uma espécie de atividade cívica espacializada, Putnam (1993, 2000) acaba por acrescentar uma dimensão nova ao conceito, na medida em que o liga à capacidade de gestão e governação de territórios de escalas muito variáveis através da ação, motivação, participação e solidariedade das comunidades residentes. Neste novo enquadramento não só o capital social é entendido enquanto propriedade ou recurso coletivo de comunidades localizadas num determinado território, como a sua capacidade de mobilização e ação se pode traduzir em formas de governação territorial mais eficientes e produtivas.
É certo que esta leitura conceptual acaba por desvirtuar um pouco o original significado do conceito de capital social, na medida em que os recursos individuais obtidos por via da integração no grupo acabam sendo, em certa medida, ultrapassados pelos recursos coletivos. Contudo e no que aos bairros diz respeito, não restam dúvidas sobre a importância destes recursos coletivos, nem sobre o papel de relevo que eles poderão ter na mobilização de iniciativas de “base-topo” que ajudem a melhorar o bairro e a vida dos seus residentes.
Entretanto, também importará ter presente nesta nova equação do capital social a contribuição de certos fatores que participam dos recursos coletivos e que ajudam a explicar diferenças entre bairros, quer no que diz respeito à presença e preponderância dos capitais sociais, quer no que toca a atuações e resultados obtidos. Entre esses fatores estão os graus de instrução da população e as respetivas condições socioeconómicas, a sua história e identidade enquanto comunidade, um património – passado e/ou atual – de mobilização coletiva e muitos outros que interferem com a participação cívica das populações e com as suas capacidades criativas.
Nesta linha de pensamento e de acordo com Freiler (2004), a existência e a qualidade deste tipo de capital social é condição fundamental para a construção de bairros fortes. Isto é, bairros que sejam:
· Inclusivos, com um forte sentido de pertença, com um envolvimento ativo da comunidade e respeito pelas diferenças;
· Vibrantes, com vida de rua ativa, com oportunidades de interação comunitária e forte sentido de “identidade local”;
· Coesos, com sentido de mútua responsabilidade, reciprocidade, confiança e capacidade de gerir conflitos e encontrar soluções;
· Seguros, com sentimentos subjetivos de segurança e medidas objetivas que a garantam também.
De acordo com esta autora, a existência de um capital social atuante e informado em bairros fortes pode revelar-se tão importante para a economia local como a existência de capital económico. Na base desta ideia reside não só a força organizativa e reivindicativa que as redes sociais podem ter, mas também o conhecimento privilegiado que têm sobre o lugar que habitam, sobre os problemas que mais as afetam e potenciais soluções. Situando-se no contexto canadiano, a autora dá assim conta de um renovado conhecimento da importância dos bairros, quer física quer socialmente. Uma importância que entretanto se vê acrescida para aqueles que lá passam mais tempo, quer por dificuldades de mobilidade, dificuldades económicas, fases do ciclo de vida ou por opção.
Num contexto brasileiro surge uma outra proposta que, recuperando a importância da escala local e do bairro em concreto, vai mais longe na efetivação de um mesmo entendimento do capital social junto dos poderes locais. Trata-se do “Plano de desenvolvimento do Bairro: uma metodologia participativa” elaborado pela FecomercioSP (http://issuu.com/fecomercio/docs/cartilha_plano_bairro-plano-de-dese). Este documento referencial tem por objetivo facultar às comunidades locais uma metodologia prática e participativa, através da qual possam elaborar o seu Plano de Desenvolvimento de bairro. Esse Plano consiste num conjunto variado de ações, consideradas necessárias por parte da comunidade local para melhorar as suas condições de vida e que podem ser negociadas com poderes municipais e agentes privados.
Regressando ao contexto nacional e, mais concretamente, aos bairros de Lisboa, o relevo que a “Carta Estratégica” possa ter dado aos bairros não permite, por si só, concluir uma mudança significativa ao nível das ações públicas à escala local e numa lógica de “topo-base”. Também em termos económicos se continua a verificar que algum investimento feito ao nível do bairro depende mais dos agentes privados e das lógicas economicistas que os movem. Contudo e seguindo uma lógica de “base-topo”, é possível apontar dois exemplos -de entre os seis estudados no âmbito do projeto “Bairros em Lisboa, 2012” – que, na linha de Putnam (1993, 2000), demonstram não só a importância do capital social enquanto recurso coletivo na mobilização de ações e de soluções para problemas que vão surgindo localmente, como também a capacidade organizativa e construtiva que esse capital social pode exercer ao nível das representações espaciais e sociais em torno da ideia de bairro. São eles Campo de Ourique e Telheiras, não significando esta escolha uma desvalorização para com os capitais e outras composições sociais que existem e atuam nos outros bairros analisados.
Campo de Ourique – Jardim da Parada . Nuno Pires Soares – All Rights Reserved
Campo de Ourique – quando o bairro estimula o capital social
O bairro de Campo de Ourique3localiza-se numa posição muito central face à cidade, ocupando uma área plana entre os Prazeres, a Estrela e as Amoreiras. No seu conjunto constitui um excelente exemplo de uma intervenção urbanística programada na cidade de Lisboa. Trata-se de um bairro essencialmente residencial e de características burguesas, que surge como resposta às necessidades desencadeadas pelo forte crescimento demográfico verificado nos finais do século XIX. Apesar de a sua construção ter sido iniciada por essa altura, só na década de 1960 é que se estabelecem definitivamente os contornos da urbanização que, desde sempre, é reconhecida como bairro. O traçado ortogonal implantado numa superfície de planalto evoca uma noção de ordem e modernidade que continua a contrastar com os traçados irregulares e em declive da cidade mais popular e antiga.
Nos últimos anos Campo de Ourique tem vindo a perder população e a registar a manutenção do envelhecimento da mesma em termos percentuais4. Contudo, não perdeu o seu ar burguês, permanecendo como um dos lugares mais desejados de Lisboa para viver. Os preços das habitações – tanto no mercado de arrendamento como no de compra e venda – refletem esse facto e acabam por gerar não só alguma gentrificação, como também uma diferenciação socio espacial acrescida.
Uma das marcas mais características de Campo de Ourique é a sua dinâmica comercial, com a capacidade do comércio local a estender-se para além das necessidades da população residente. Desde os anos de 1970 que o comércio local tem vindo a registar mudanças significativas; de um comércio mais tradicional para um comércio mais sofisticado e diferenciado, passando atualmente também por alguns exemplos generalistas e de proveniência chinesa. Contudo, as sapatarias, as pastelarias, as lojas de tecidos e de decoração continuam ali a assumir um certo estatuto de especialização e a exercer uma capacidade de atração que vai além das fronteiras do bairro. A ajudar a esta perceção está também o facto de Campo de Ourique continuar a cultivar um ‘sentido de bairro’5muito próprio, onde uma certa sofisticação e glamour se cruzam com novas dinâmicas socioespaciais.
Neste contexto tem-se assistido à promoção de várias iniciativas locais visando aspetos vivenciais do bairro, o comércio e outros serviços existentes. Tais iniciativas tanto surgem através de atividades que contam com a participação dos poderes municipais, como através de atividades de associações e comerciantes locais, como ainda através das redes sociais e de internet, que permitem o envolvimento de um vasto e diferenciado grupo de interessados em Campo de Ourique. Um dos primeiros exemplos – baseados numa lógica de subsidiariedade, de organização “base-topo” e tirando partido das novas tecnologias para conseguir uma projeção mais global – consistiu na criação de um “sítio” na internet, onde residentes, comerciantes, consumidores e outros participantes podiam encontrar várias iniciativas ligadas ao bairro. Através deste “sítio” (http://campodeouriqueaberto.blogspot.pt/) Campo de Ourique afirmava-se como sendo ‘mais do que um bairro’: “Nada como em Campo de Ourique para encontrar tudo o que precisa. Muito mais que um bairro, são centenas de lojas e serviços à sua disposição a céu aberto e com muita simpatia.”
Entretanto este “sítio” migrou para uma página de Facebook (https://www.facebook.com/CampodeOurique?fref=ts), permitindo maior visibilidade dos seus conteúdos, uma maior interação entre todos os interessados e, até mesmo, um ‘ciber-conhecimento’ e comunicação entre eles. Atualmente esta página tem 4926 seguidores e pelo menos 10 grupos de discussão de acesso aberto cujo tópico é o bairro de Campo de Ourique6. Através destes ciber-grupos trocam-se mensagens e informações úteis entre residentes, fomenta-se o comércio local e as múltiplas promoções e eventos que as diversas lojas vão desenvolvendo, aviva-se e partilha-se memórias através de fotografias antigas sobre o bairro, bem como muitos outros temas e assuntos cujo denominador comum é o espaço e as pessoas de Campo de Ourique.
Outras iniciativas como o ‘roteiro de compras’, ‘prova de doces’ e outros concursos ligados à restauração, alargamento de horários de certos estabelecimentos comerciais (incluindo fins de semana), também podem ser incluídas no conjunto de medidas de “base-topo”. Estas medidas que envolvem a organização mais ou menos formal de grupos de comerciantes do bairro visam, para além da óbvia sobrevivência das lojas, gerar novas dinâmicas de consumo nas ruas do bairro através da atração de novos públicos e visitantes externos. Sendo claros os intuitos comerciais destas medidas, as mesmas não deixam de ser importantes para o fortalecimento do ‘sentido de bairro’ e para o reforço de uma identidade social de base territorial.
No seguimento deste raciocínio, um dos pontos comerciais que vem merecendo destaque pela sua capacidade de atrair novos públicos ao bairro e de criar uma nova dinâmica interna é o ‘Quiosque de Campo de Ourique-Hamburgueria da Parada’. Situado no central jardim da Parada, este quiosque com esplanada especializado em hambúrgueres não só se tornou numa atração ao nível da restauração, como também um ponto de encontro para múltiplas atividades de índole recreativa e cultural7, cuja divulgação é feita também através da página de facebook: (https://www.facebook.com/QuiosqueDeCampoDeOuriqueHamburgueriaDaParada).
Em Campo de Ourique importa destacar ainda a recente reabilitação efetuada no edifício do Mercado, onde a par dos tradicionais vendedores de produtos frescos, surgiram quatro grandes quiosques que dão lugar a 16 diferentes tasquinhas concessionadas, onde se pode beber e comer desde manhã até ao início da madrugada. Da articulação entre a atividade normal de um mercado de bairro e a animação que muito se assemelha à de uma “praça de restauração” de centro comercial são esperados benefícios, que satisfaçam não só todos os comerciantes envolvidos no mesmo mercado, como também alguns efeitos no espaço envolvente, decorrentes do maior movimento de pessoas e da maior diversificação de consumidores. É ainda de referir que apesar da reabilitação e dos novos usos incluídos no mercado não resultarem exclusivamente de uma medida “base-topo”, toda a criatividade e inovação envolvidas nesses novos usos e na aposta de cativar novos públicos não deixa de envolver o capital social existente em Campo de Ourique, nem de potenciar uma maior interação entre a comunidade local.
Um outro elemento importante para a dinâmica criativa e cultural do bairro – e consequente para o seu capital social – é a Casa Fernando Pessoa, um espaço cultural dedicado a este poeta e escritor português. Para além de oferecer uma biblioteca especializada, este espaço também se abre a outros eventos culturais, acrescentando valor simbólico a Campo de Ourique e projetando-o num panorama cultural que transcende as suas fronteiras.
Telheiras . Nuno Pires Soares – All Rights Reserved
Telheiras – quando o capital social também faz bairro
O lugar de Telheiras manteve-se até muito tarde um pequeno núcleo de habitações e quintas associadas à prática da agricultura e ao lazer. Dispunha-se ao longo da Estrada de Telheiras, que ligava o Lumiar a Carnide, com uma maior concentração de edifícios em torno do convento de Telheiras.
No início dos anos de 1970 a Câmara Municipal de Lisboa decide intervir diretamente no mercado de urbanização e construção da cidade, numa perspetiva de planeamento integrado e obter dessa intervenção proveitos diretos para o município. Com esse objetivo é criada a EPUL – Empresa Pública de Urbanização de Lisboa – que passa a dispor de uma bolsa de terrenos municipais, nos quais foram surgindo vários empreendimentos. Entre eles destaca-se o projeto de Telheiras, quer pela dimensão, quer pela qualidade de planeamento, assente na procura de um equilíbrio entre o modelo da Carta de Atenas e a intenção de articular e dar coesão às áreas construídas.
De entre os vários objetivos propostos pelo Plano de Telheiras8é de referir a recuperação da ideia de cidade como rede, privilegiando a rua como estrutura natural e como espaço de apropriação e integração do tecido social. Era igualmente proposta uma diferenciação nas categorias de edifícios e fogos, essencialmente baseada na qualidade dos acabamentos. No âmbito da localização e acessibilidade face à cidade é de referir a relativa posição periférica que Telheiras tinha no início e que, entretanto, ganhou enorme centralidade devido a novos eixos de circulação e à chegada da rede de metropolitano, em 2002.
Atualmente Telheiras é uma área residencial predominantemente de classe média e que transmite a imagem de uma certa qualidade de vida urbana, decorrente de um plano urbanístico bem estruturado. Trata-se assim de um lugar vivido e apropriado pelos residentes, que não só o promovem como um excelente lugar na cidade para residir, como compartilham alguns esforços no sentido de o afirmar enquanto bairro.
Da imagem de prestígio associada a Telheiras também faz parte a qualidade dos equipamentos escolares (públicos e privados), o comércio e, naturalmente, o tipo de população residente. A ideia posta a circular nos finais da década de 1980 relativa a Telheiras enquanto o lugar da cidade onde se concentrava o maior número de residentes com formação de nível superior ainda se mantém no imaginário coletivo, identificando-o como o “bairro dos doutores”. Com efeito, a relativa homogeneidade sociocultural que é intrínseca a Telheiras terá tido um contributo relevante para confirmar ali a existência de um capital social com dinâmicas muito particulares, que não só potenciou a construção de uma identidade local, como conduziu essa identidade para uma representação de bairro consciente e intencional.
A propósito das homogeneidades refere Scott (2006) que nem a homogeneidade cultural nem formas exageradas de heterogeneidade parecem propiciar níveis elevados de aprendizagem e inovação no campo criativo. As sinergias serão melhor aproveitadas se houver mistura de laços fortes e fracos ou de sinais interpessoais. Considerando esta opinião, Telheiras não deixa de representar um caso bem-sucedido, na medida em que recorre ao ‘efeito de meio’ como uma forma de incrementar as relações interpessoais para, através delas, criar um ‘sentido de bairro’ e um sentido de pertença e de partilha relativamente a ele.
Um dos principais elementos potenciadores desta afirmação de Telheiras enquanto bairro foi a Associação de Residentes de Telheiras (ART) (http://artelheiras.wordpress.com/). Numa primeira fase, a principal preocupação da Associação era acompanhar o desenvolvimento do plano urbanístico, de forma a garantir o seu cumprimento no terreno. Através deste acompanhamento pretendia-se assegurar que Telheiras resultaria num espaço com determinados padrões de qualidade de vida urbana e que confirmaria as expectativas criadas relativamente ao desenho urbano e aos espaços verdes. À medida que o plano ia sendo concluído, a ART foi redirecionando os seus objetivos para outras atividades ligadas ao seu espaço de atuação, como a promoção de atividades ligadas à melhoria da qualidade de vida no bairro e ao incentivo de relações sociais de proximidade, assentes em redes de interconhecimento – presencial ou virtual – movidas por interesses comuns.
As questões relacionadas com a qualidade de vida e com a sustentabilidade ambiental podem ilustrar quer a forma como o capital social existente em Telheiras responde à partilha de preocupações e iniciativas, quer a forma como tais iniciativas contribuem para consolidar um ‘sentido de bairro’ junto da comunidade residente. Um desses exemplos é a formação de uma rede social de informação, formação e debate em torno do Movimento de Transição (http://ecotelheiras.wordpress.com/). A sua génese remete para uma rede internacional9vocacionada para as questões ambientais e de sustentabilidade, cujos principais objetivos se relacionam com o envolvimento das populações e das comunidades locais em soluções de vida mais resilientes, sustentáveis e respeitadoras do ambiente. Uma das vias para alcançar tais objetivos é a sensibilização das comunidades para questões práticas de quotidiano, com vista a alterar certos hábitos e comportamentos.
Paralelamente a uma série de atividades culturais, lúdicas, desportivas e de lazer promovidas pela ART, o Movimento de Transição também se encontra devidamente contemplado através de um grupo de trabalho (http://www.transitionnetwork.org/initiatives/transi-o-telheiras). Inserido na rede global do Movimento, este grupo localizado em Telheiras anuncia no seu sítio três ações: um jardim/horta comunitária, um mercado regular de produtos biológicos e conferências periódicas sobre o Movimento e respetivas ações em Portugal.
Ligados a este Movimento vão surgindo também diversos Grupos de Ação10dirigidos a propósitos concretos visando o bairro. Todas estas atividades são também partilhadas numa página de facebook intitulada “Transição em Telheiras”(https://www.facebook.com/groups/144888152225444/), um grupo aberto que conta atualmente com 228 membros e que tem por lema “Cuidar da terra, cuidar das pessoas e partilhar os excedentes”.
A par das iniciativas ligadas ao Movimento de Transição e às preocupações ecológico-ambientais, as diversas redes sociais de internet focadas em Telheiras também são frequentemente usadas na promoção dos mais variados eventos culturais que vão acontecendo (quer no bairro quer na sua envolvência), bem como outras ações coletivas, como passeios de bicicleta, piqueniques, festas de bairro, encontros e workshops temáticos, etc. No seu conjunto, todas estas ações vão contribuindo para a consolidação de uma identidade de bairro num território urbano que, sem a existência de um capital social mobilizador e atuante, sem a utilização participada das redes sociais de internet, sem os estímulos do meio, poderia ser uma qualquer urbanização anónima e sem ‘sentido de bairro’ em Lisboa.
Conclusão
O Bairro continua sendo um conceito vago e fluido que, apesar de não definir com precisão a multiplicidade de realidades socio espaciais que podem ser classificadas enquanto tal, é suficientemente inteligível quanto ao estabelecimento de identidades e redes sociais de proximidade sobre uma base territorial.
Nos últimos anos a cidade de Lisboa parece apostada em prestar mais atenção aos seus bairros. Essa atenção passa por políticas municipais, por interesses económicos e financeiros, mas também pela revalorização das redes sociais de proximidade e pelo reconhecimento da ação participativa que as comunidades locais poderão desempenhar ao nível dos poderes municipais. É neste contexto que o capital social existente num determinado lugar pode fazer a diferença, quer por via de benefícios resultantes da inclusão e participação dos indivíduos em grupos sociais, quer por via de ações espacializadas e impulsionadas pelos recursos coletivos existentes.
Através de dois bairros de Lisboa com características distintas procurou-se exemplificar o protagonismo que as pessoas podem desempenhar nos lugares que habitam e de como esses lugares também lhes podem retribuir algo. A antiguidade de Campo de Ourique, acompanhada de uma série de características urbanísticas que lhe são próprias, confere-lhe um reconhecimento identitário que não só promove uma coesão interna bastante sólida em torno de um ‘sentido de bairro’, como também assume uma visibilidade equivalente no exterior. Não sendo uma condição exclusiva, este ‘sentido de bairro’ não deixa de ser central relativamente às sinergias sociais e culturais que nele se vão gerando, quer através das redes sociais reais, quer através das virtuais.
Telheiras é um espaço urbano relativamente recente e mais periférico face à cidade de Lisboa e onde – juntamente com um plano urbanístico cuidado e atentamente vigiado – se foi construindo intensionalmente uma identidade de bairro. Não sendo espontânea, esta identidade beneficiou bastante de um conjunto de sinergias criativas e participativas organizadas em torno do território, bem como de um comprometimento muito particular da comunidade face ao mesmo. Como tal é possível reconhecer em Telheiras um ‘sentido de bairro’, que decorre dos ‘efeitos de meio’ gerados na confluência de um território urbano à procura de uma identidade própria e diferenciadora com uma comunidade capacitada e atuante.
Comparativamente a Telheiras, Campo de Ourique não precisou de se afirmar enquanto bairro e a sua localização mais central também ajuda a atrair visitantes do exterior que reforçam a sua identidade. Contudo, os recursos coletivos que se geram em Campo de Ourique acabam por resultar mais diluídos para os residentes e de não os envolver tanto quanto poderiam. Já Telheiras, encontrando-se mais fechada sobre si própria e partindo do zero, quis afirmar-se enquanto bairro através dos recursos coletivos existentes, provando não só a capacidade de criação e de transformação que as pessoas têm relativamente aos espaços que habitam, como também a importância que os laços sociais de proximidade e a partilha de um sentimento de pertença coletiva continuam a ter na cidade contemporânea.
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1.De acordo com Pedro Costa (2009), o bairro é o lugar que propicia a circulação de informação e a difusão de inovação e criatividade gerando, por esta via, um ‘efeito de meio’, particular e observável através de um conjunto de características que lhe são atribuídas.
2.A exclusão de não membros de determinado grupo, a aplicação de normas ou exigências excessivas aos membros do grupo, restrições à liberdade individual ou normas de nivelamento descendente são as quatro principais consequências negativas do capital social apontadas por Portes (2000:146).
3.Atualmente Campo de Ourique é uma nas novas freguesias de Lisboa, em resultado da reorganização administrativa da cidade aprovada pela Lei nº56/2012 de 8 de novembro.
4. Nos Censos de 2001 as duas freguesias onde se integra Campo de Ourique (Santo Condestável e Santa Isabel) somavam 24823 residentes, dos quais 7033 tinham 65 e mais anos, o que se traduzia em 28% da população residente. Em 2011 as mesmas freguesias registaram um total de 22132 residentes, 6119 com 65 e mais anos, mantendo-se a mesma percentagem de idosos face ao total de residentes.
5.Por ‘sentido de bairro’ entende-se a existência de uma construção social centrada num determinado território urbano, coletivamente partilhado e que possui um significado local, negociado e reconhecido tanto no interior como no exterior. Como tal, este ‘sentido de bairro’ é indissociável de um conjunto de características e vivências, que não só valorizam o bairro, como o diferenciam no contexto global da cidade.
6. Exemplos desses grupos: ‘matilha de Campo de Ourique’; ‘Campo de Ourique bairro de campeões’; ‘Tertúlia de Campo de Ourique’; ‘Crescemos em Campo de Ourique’; ‘Fãs de Campo de Ourique’; ‘Ah, Campo de Ourique’ entre outros.
7. Tais comoteatro, cinema, festas, ateliês de arte, assistir a jogos de futebol e outras.
8. O Plano de Pormenor de Telheiras é da autoria de Pedro Vieira de Almeida e Augusto Pita.
9. Transition Network (http://www.transitionnetwork.org/).
10. Exemplos de Grupos de Ação existentes: “Telheiras 30” em defesa de uma mobilidade automóvel mais lenta dentro do bairro; “Horta em Telheiras” em defesa da horta comunitária e que já existe; “Telheiras sem plástico” em defesa de um comércio menos poluidor.