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Susana S. Brito

CICS.NOVA | FCSH/UNL ,

Pedro Miguel Vaz Dias

Técnico Superior no SNC, Timor-Leste,

Teresa Santos

.CICS.NOVA | FCSH/UNL,

Marcos Pelegrina

UNICENTRO – Guarapuava-PRmar,

Rui Pedro Julião

Dep. Geografia e Planeamento Regional | FCSH/UNL,

Ronald Peixoto Drabik

Eng. Civil

 

Para citação: BRITO, Susana S.; DIAS, Pedro Miguel Vaz; SANTOS, Teresa; PELEGRINA, Marcos; JULIÃO, Rui Pedro; DRABIK, Ronald Peixoto – Município de Cascavel: Atualização cadastral e a sua aplicação ao exercício de planeamento urbanístico. Estudo Prévio 8. Lisboa: CEACT/UAL – Centro de Estudos de Arquitetura, Cidade e Território da Universidade Autónoma de Lisboa, 2015. ISSN: 2182-4339 [Disponível em: www.estudoprevio.net]

Creative Commons, licença CC BY-4.0: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Resumo

A proximidade da revisão do Plano Diretor 2012 (PD2012) tornou essencial uma reflexão dos últimos anos de planeamento do Município de Cascavel – Brasil, e o estabelecimento de uma estratégia de futuro, que integre o Cadastro Multifinalitário (CdM) e os Sistema de Informações Territoriais, já que têm vindo a ganhar importância no processo de tomada de decisões em diversas áreas da administração municipal no Brasil.
Este estudo, realizado a dois tempos, começou por demonstrar o potencial das imagens de satélite, de grande resolução espacial, no auxílio da tarefa de atualização de bases de dados cadastrais. Por fim, tendo por base a informação cadastral em formato digital analisaram-se três indicadores e respetivos subindicadores – finalidade, pedologia e património – que foram confrontados com o PD2012, em vigor.
Através da compreensão das estratégias de planeamento territorial, suportada pelas ferramentas dos Sistemas de Informação Geográfica, podemos demonstrar que a informação cadastral presente no CdM e a utilização de dados de deteção remota para a produção de cartografia, sustentam as análises temáticas e estatística espacial, podendo apoiar tanto planeadores como decisores, nas suas funções.

Palavras-Chave: cadastro, imagens de satélite, planeamento urbano, Cascavel-Brasil

 

Introdução

Decorridos alguns anos do período para o desenvolvimento de políticas públicas no Município de Cascavel – Brasil (MC), iniciou-se uma reflexão sobre o interesse crescente pelo Cadastro Multifinalitário (CdM), enquanto suporte ao exercício de planeamento, cobrança de impostos e otimização de serviços públicos e equipamentos urbanos. A implementação do CdM e de um Sistema de Informações Territoriais (SIT) na WEB, para disponibilização dos dados e informações cadastrais, permitiram um aumento da segurança jurídica nas transações imobiliárias, o que trouxe uma maior eficiência ao exercício de planeamento territorial.

A proximidade do ano da revisão do Plano Diretor tornou essencial uma reflexão dos últimos anos de planeamento do MC e o estabelecimento de uma estratégia de futuro, que integre o CdM e o SIT.

Presentemente, as novas necessidades da cidade e a crescente implantação de áreas industriais na sua periferia reequacionam a utilidade do seu centro e, consequentemente, a utilização dos lotes urbanos devolutos e/ou desocupados.

Na grande maioria das cidades brasileiras, o déficit cadastral é elevado, devido a falhas no sistema de gestão tributária. Todos estes fatores, somados, requerem que os municípios não apenas atualizem os dados para resolver o déficit cadastral, mas modernizem igualmente os processos de gestão tributária.

A legislação urbana referente ao uso e ocupação do território no Brasil é dividida entre os códigos de obras e edificações, que visam normalizar toda e qualquer construção, recuperação e/ou ampliação de edifícios efetuada (a todo e qualquer título), no território do município. A Lei de Zoneamento e Usos do Solo visa controlar o uso e finalidade de cada zona ou área do território urbano, com o objetivo de um desenvolvimento harmonioso para a comunidade, assegurando a sua qualidade de vida. Numa gestão territorial democrática, é necessário desenvolver instrumentos técnicos e científicos que permitam o acesso dessas informações a toda a sociedade (Pelegrina, 2009).

Segundo a Federação Internacional de Geômetras1, o CdM deve ter como base o “cadastro”, com descrição geométrica das parcelas, em conjunto com outros registos que descrevem a natureza dos interesses da parcela, tais como: direitos, restrições, responsabilidades, assim como as condições desta propriedade ou o controle destes interesses.

As informações cadastrais, presentes no cadastro, são instrumentos orientadores da administração municipal e fornecem um conjunto de informações gráficas (cartografia cadastral) e descritivas (dados) sobre as parcelas (terreno, edificação e valores venais), equipamentos urbanos e seus proprietários, entre outras. Essas informações devem estar associadas a vários setores da administração pública, tais como cobrança de impostos, agricultura, concessionárias de serviço público, sistema de transportes, meio ambiente, sistema de saúde, administração, planeamento e ordenamento territorial (Cunha & Cesare, 2007).

A investigação em planeamento urbano tem como objetivo central ressaltar a importância da informação cadastral presente no CdM urbano e na utilização de dados de deteção remota para a produção de cartografia que sustente as análises temáticas e a estatística espacial, demonstrando a sua importância e eficiência.

Esta investigação implica a compreensão das estratégias de planeamento, ordenamento e gestão territoriais com recurso à análise espacial e ao CdM, suportada pelas ferramentas Sistemas de Informação Geográfica (SIG).

O MC fica situado no Estado do Paraná-Brasil, localizado no Oeste do Paraná, atinge a altitude máxima de 780m acima do nível do mar na área urbana, possuindo uma área total de 2112,85Km2 (Figura 1).

Fig. 1 Localização da área de estudo

 

Desde a sua origem, de cariz espontânea2, que a região de Cascavel conta com uma infraestrutura rodoviária bastante elaborada e desenvolvida (Dias et al, 2005), donde salientamos a antiga estrada de ligação do litoral com o extremo oeste paranaense, hoje Avenida Brasil, onde se implantaram as primeiras habitações e serrarias.

O território passou, nas últimas décadas, por um intenso processo de crescimento demográfico e rápida urbanização. No ano de 2010, a cidade de Cascavel atingiu um grau de urbanização de 94,4% (IBGE, 2014) (Figura 2).

 

Fig. 2 – Evolução do conjunto urbano de Cascavel

 

O trabalho que expomos é a fase inicial de uma proposta que pretende ser um suporte ao exercício de planeamento, mais especificamente às suas estratégias de gestão e ordenamento, que usa como estudo de caso o MC.

Apresentamos duas análises. Uma tem como objetivo avaliar a contribuição da informação temática disponível em imagens de satélite de grande resolução espacial para identificar áreas passiveis de atualização cadastral. A análise foca-se na atualização da área construída reportada na planta de Loteamento do cadastro de imóveis do MC, Estado do Paraná. A outra análise produziu informação cartográfica que servirá de suporte ao exercício e à decisão em planeamento.

A área escolhida para teste da metodologia da primeira análise inclui os bairros de Santo Inácio, Parque Verde e Coqueiral (Figura 1). Esta área encontra-se na periferia do distrito e caracteriza-se por uma grande dinâmica, nos últimos anos, que contribuiu para a desatualização da base cadastral do MC. Para a segunda análise, usámos os limites do MC para o ano de 2012 (Figura 3).

 

Fig. 3 – Limites e mancha do edificado do MC em 2012

 

O material geográfico incluiu dados vetoriais e matriciais. A informação vetorial é composta por diversas plantas: a planta da Edificação, datada de 1995, representa a base cartográfica desatualizada; a planta do Loteamento contém informação cadastral de cada lote e está também desatualizada no que diz respeito à área construída; as plantas dos perímetros urbanos (1959, 1970, 1975, 1985, 2004, 2008); a planta do Plano Diretor de 2012 (PD2012). Partindo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trabalharam-se os seguintes indicadores e respetivos subindicadores3, relativos ao ano de 2012: finalidade, pedologia e património.

A informação matricial inclui uma imagem obtida pelo sensor GeoEye, em julho de 2011, e inclui quatro (4) bandas multiespectrais (RGB e Infravermelho Próximo) e a banda Pancromática. A imagem é disponibilizada via o geoportal de Cascavel (http://geocascavel.cascavel.pr.gov.br:10080/geo-view/faces/sistema/geo.xhtml). A imagem sofreu uma operação de fusão, recorrendo ao algoritmo PANSHARP disponível no programa PCI Geomatica 10 (Zhang, 2002) obtendo-se no final as quatro (4) bandas multiespectrais com 50cm de resolução espacial. Selecionou-se esta técnica visto: (1) recorre ao método dos mínimos quadrados para encontrar o melhor ajuste entre os valores de cinzentos das bandas de imagem a serem fundidas e para ajustar a contribuição de bandas individuais para a fusão, reduzindo a distorção da cor, e (2) emprega um conjunto de abordagens estatística para calcular a relação entre o valor de cinzento de todas as bandas de entrada, eliminando o problema da dependência conjunto de dados e automatizando o processo de fusão (Zhang, 2004).

Para melhorar o processo de classificação, calculou-se, a partir das bandas do Vermelho e do Infravermelho, uma imagem do índice de vegetação Normalized Difference Vegetation Index (NDVI). A base espectral utilizada, nesta análise, é assim constituída pela imagem GeoEye e a imagem NDVI.

Todos os dados estão no sistema de coordenadas SIRGAS 2000 / UTM zone 22S.

 

Fig. 4 – Base de dados geográficos

 

A metodologia proposta para dirigir a atualização da planta Edificação (análise – deteção remota) recorre ao processamento diAgital de uma imagem de satélite e operações de sobreposição em ambiente de SIG. Aplicando uma técnica de extração orientada ao objeto à imagem de satélite, são identificadas as edificações existentes na área de estudo. Estas edificações são cruzadas com a planta do Loteamento desatualizada para encontrar: (1) novas construções ou (2) construções demolidas. Esta informação é depois verificada a partir do Google Street View, assumindo-se que as imagens disponibilizadas têm coerência temporal com a observação. Nesta fase, o técnico confirma a existência de nova edificação ou, a sua demolição, sinalizando o lote para uma verificação técnica e rigorosa no local. O resultado deste processo é a atualização dos dados referentes à área edificada em cada lote e, consequentemente, a planta Edificação, sem ter que investigar toda a área de estudo.

A classificação orientada a objeto é realizada no programa Feature Analyst v.5.1 para ArcGIS (ESRI). A extração dos objetos segue uma lógica supervisionada baseada em áreas de treino recolhidas pelo analista. Informação mais detalhada sobre os parâmetros desta operação pode ser consultada em Santos et al (2015).

São múltiplas as aplicações do cadastro em planeamento e ordenamento do território, com recurso a técnicas capazes de descrever distribuições de um conjunto de dados e a análises suportadas por estatística espacial que reúne um conjunto de técnicas capazes de descrever e modelar dados espaciais (Scott e Getis, 2010).

Para a análise objeto deste estudo, utilizou-se o conjunto de atributos associados às entidades geométricas da base de dados cadastral, para verificar a conformidade destas, em termos da ocupação, uso e exploração, com os parâmetros previstos nos instrumentos de gestão territorial.

 

Resultados

O objetivo da atualização é a extração de edifícios. Dada a diversidade de tipos de coberturas nos edifícios da área de estudo, foi necessário realizar diversas extrações automáticas para recolher toda essa variação (telha, fibrocimento, chapa e outros). A planta Edificações resulta então da união de seis (6) classes, que representam o tipo/cor das coberturas mais comuns (Figura 5). A qualidade da extração foi validada visualmente, não se tendo construído uma matriz de erro.

Para efeitos de atualização, é relevante não apenas área mas também o número de edifícios identificados no terreno. A classificação orientada a objeto apenas possibilita extrair num único elemento os edifícios que se encontram dispostos em banda. Não é assim possível isolar diferentes edifícios que partilham limites, o que condiciona o uso deste método para fins de contagem. Porém, a quantificação da área edificada é um produto da classificação que tem implicações tanto na atualização da base cadastral, mas também na construção de indicadores urbanísticos que visem a qualidade de vida em meio urbano (e.g., área impermeável).

A planta Edificações oficial, identifica em 1995, 397m2 de área construída. Este valor, como pode ser confirmado visualmente sobre a imagem GeoEye, sofreu um grande acréscimo. De acordo com a metodologia aqui apresentada, aquele valor é de 992.978m2 em 2011.

 

Fig. 5 -Resultado da extração de edifícios na imagem GeoEye

 

Cruzando a planta atualizada com a planta dos Lotes é possível verificar se área construída aumentou, se se manteve ou diminuiu. A situação pode ser confirmada no Google Street View e feita a sinalização para vistoria no local.

Com apoio das ferramentas de SIG, SIT e do CdM foi possível produzir informação (território geográfico, espaços verdes, espaços edificados) que nos permitiu analisar criticamente o território e que, ulteriormente, apoiará as decisões das ações e planeamento, sobre o território do MC.

Usando da informação cadastral digital disponível, produziram-se mapas onde exploramos os três (3) indicadores já referidos. Usando o PD2012 integrado na Lei de Usos de solos do MC está a Planta de Zonamentos. Nesta fase da investigação, interessou analisar através da produção de mapas, as discrepâncias e coincidências face à situação atual do MC, aferida através da cartografia digital e cadastral disponível.

Para o estudo do indicador “finalidade” exploramos as áreas de “meio ambiente” (área verde, área de preservação, verde prematuro, APP, áreas sem uso) e “desporto e lazer” (desporto, rotundas e lagos).

Os espaços verdes no MC, localizam-se espacialmente como informam os mapas abaixo (Figura 7 e Figura 8).

 

Fig. 6 -Desporto, Lazer e Meio Ambiente

 

Constatamos que os espaços afetos ao “Desporto e Lazer” não têm uma distribuição uniforme pelo território, são escassos e dispersos, sendo que a maior área identificada, se associa ao Parque da Cidade e na totalidade correspondem a 34,11%, ou seja 1.344.114m2.

As manchas indicativas da existência da categoria “Meio Ambiente”, apesar de existirem em maior quantidade, ainda se relevam escassas e dispersas correspondendo a 65,89%, ou seja 2.596.289m2.

Estas categorias são quase inexistentes juntos aos principais eixos da cidade e nas zonas onde a malha urbana está mais consolidada, representando 3.940.403m2 da totalidade dos dados analisados, correspondentes ao indicador “finalidade”.

 

Fig. 7 – Pedologia

 

Sobre a “pedologia” constatamos que se localiza nas periferias dos limites do MC, no Parque da Cidade e nas suas zonas anexas, correspondendo a uma área total de 263.188.143m2.

Quando confrontado com a Planta de Zonamento do MC na sua generalidade, aferimos que os indicadores analisados nos mapas anteriores integram a “Macrozona de Fragilidade Ambiental”.

Para o indicador “utilização” analisamos três subindicadores (serviços, comercial, industrial) que correspondem a uma área total de 26.812.564m2 (Figura 9).

 

Fig. 8 – Serviços, comercial, industrial

 

Aferimos que os serviços representam uma área total de 14.766.733m2 correspondentes a 35,51% dos 26.812.564m2. Localizam-se um pouco por todo o território, com uma predominância junto ao eixo principal e escasseiam na periferia dos limites do MC.

A localização do comércio domina junto aos eixos principais do MC, e tem algum significado na zona periférica sudoeste, representando 45,57% equivalente a uma área de 7.870.613m2.

A indústria predomina na periferia do MC nos quadrantes sudoeste, sul, sudeste, este e nordeste, ocupa 2.986.054m2, cerca de 17,29%.

 

Fig. 9 – Património particular, religioso, público e comunitário do MC

 

Da observação do mapa é possível aferir que o património (particular, religioso, publico, comunitário) do MC é maioritariamente particular, com uma área de 65.576.770m2, aproximadamente 86,20%, da mancha edificada implantada.

O património público distribui-se de forma dispersa pelo território. Ocupa 9.336.696m2 do território do MC, cerca de 12,27%.

Os outros dois subindicadores, religioso e comunitário, sem grande significado, ocupam 1.071.750m2 e 86.136m2, correspondentes a 1,41% e 0,86%, respetivamente.

 

Conclusão

As características geográficas do território de Cascavel informam sobre a morfologia da cidade e os seus eixos de desenvolvimento, sedimentando assim as ações sobre o território, que não contrariam a sua geografia.

O CdM tem vindo a ganhar importância no processo de tomada de decisões em diversas áreas da administração municipal no Brasil, por isso existe uma busca pelo desenvolvimento e organização dos dados cadastrais, com uma expansão orientada, que possibilite consultas mais eficazes ao banco de dados.

O CdM pode ser estabelecido para finalidades fiscais (avaliação e tributação), legais (transferências e certidões), administrativas (planeamento e controle do uso da terra), bem como disponibilização de informações para o desenvolvimento sustentável e a proteção ambiental.

Este estudo, realizado a dois tempos, num primeiro momento (deteção remota) demonstrou o potencial das imagens de satélite de grande resolução espacial no auxílio da tarefa de atualização de bases de dados cadastrais. Os resultados permitem sinalizar potenciais alterações no edificado e assim orientar os esforços das equipas técnicas para a sua verificação rigorosa. A baixa resolução espectral da imagem dificultou a identificação de novas edificações. Nomeadamente na área de estudo, detetou-se uma grande proximidade espectral entre a resposta das telhas e o solo exposto.

Recomenda-se para estudos futuros que se usem das imagens de alta-resolução combinadas com dados do laser scanner aerotransportado na identificação de edificações como descritas neste artigo.

No segundo momento (planeamento territorial), tendo por base a informação cadastral em formato digital analisaram-se três indicadores e respetivos subindicadores, que foram confrontados com o PD2012, em vigor. Verificou-se que as discrepâncias significativas se devem apenas ao aumento dos limites do MC, natural para o ritmo de crescimento da malha edificada. Na sua generalidade, o crescimento e sedimentação da mancha edificada e verde do MC, cumpriu com o disposto no PD2012. A falta de informação, em formato digital dos três (3) indicadores para os períodos anteriores a 2012, não permitiu a determinação da evolução temporal das direções de distribuição espacial dos lotes nos perímetros urbanos.

Recomenda-se, por isso, que se carreguem as bases de dados, existentes, nas plataformas, para os mesmos indicadores e subindicadores, analisados neste estudo. Verificamos que tendo a informação real da localização dos lotes é possível determinar qual o seu grau de dispersão e orientação na cidade (Dias, 2013).

Através da compreensão das estratégias de planeamento e gestão territoriais, suportada pelas ferramentas SIG, podemos demonstrar que a informação cadastral presente no CdM e a utilização de dados de deteção remota para a produção de cartografia, sustentam as análises temáticas e a estatística espacial podendo apoiar tanto os planeadores como os decisores, nas suas funções.

 

Nota final

O que acontece quando formações e técnicas de trabalho diferentes abordam o mesmo objeto de estudo?

De que forma as ferramentas tecnológicas ao dispor dos técnicos, se podem interligar e apoiar as tarefas de decisão no planeamento territorial?

Foi assim que surgiu o desafio que em seguida apresentamos.

Nos centros de investigação surgem por vezes oportunidades únicas, que propiciam o desenvolvimento de investigações comuns. Nesse sentido o que apresentámos é uma parte inicial deste projeto, cujo tronco comum é o estudo de um território brasileiro. Numa fase inicial foram compostas duas equipas correspondentes a duas áreas científicas do estudo da Geografia, uma ligada à detecção remota e outra ao planeamento do território, que desenvolveram em paralelo uma análise de território, suportada pelas ferramentas tecnológicas, correspondentes a cada área científica.

Apuradas as primeiras impressões aferiram os pontos de contacto das duas análises, para posteriormente desenvolver um documento comum, cujo objetivo será servir de base às tarefas de decisão sobre o planeamento territorial do Município de Cascavel.

Este artigo reflete por isso as primeiras análises desenvolvidas pelas duas equipas.

 

Notas

1.A Federação Internacional de Geômetras – FIG – (acrônimo francês de Federação Internacional de Agrimensores) é uma entidade internacional que reúne associações nacionais profissionais e instituições de pesquisa da área da ciência da medição. De entre as várias comissões que compõem a FIG, destaca-se a comissão 7 (sete), que trata especificamente do Cadastro e da Gestão Territorial. Esta comissão produz inúmeros documentos e declarações sobre o tema, além de publicações dirigidas em seus congressos e conferências. No que se refere ao termo Cadastro, define-o como “um sistema de informações territoriais atualizadas e baseadas em parcelas, que contém um registo de interesses sobre a terra”.

2.Entenda-se por planeamento de cariz espontâneo aquele que não foi pensado urbanisticamente por técnicos da especialidade, mas que surgiu apenas como resposta imediata a uma necessidade: circulação.

3.Para uma explicitação dos indicadores, subindicadores e conceitos, presentes neste artigo consultar ART 3/ lei N.6.179/2013.

 

Bibliografia

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Susana S. Brito. CICS.NOVA | FCSH/UNL . susanasbrito@fcsh.unl.pt

Arquiteta-Urbanista, desenvolve competências e trabalha em investigação em Lisboa,é atualmente Membro colaborador do CICS.NOVA da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Está a desenvolver o seu doutoramento em Geografia, variante Território e Desenvolvimento, pela mesma universidade, é Mestre em Arquitetura, desde 2012, pela ULHT e Licenciada em Ciências e Técnicas da Arquitetura, desde 2008, pelo ISCTE-IUL e Técnica de Design, desde 2003, pelo Instituto de Odivelas. É autora de diversos artigos científicos, colabora na edição gráfica de revistas científicas (indexadas e não indexadas, na Web of Science), bem como na elaboração e organização de diversos colóquios e conferências. A sua área de interesse é a investigação aplicada, com recurso às ferramentas de SIG, sobre cidades e portos marítimos.

 

Pedro Miguel Vaz Dias. Técnico Superior no SNC, Timor-Leste . pedrodias.geo@gmail.com

Licenciado em Geografia e Mestre em Gestão do Território, ambos em vertentes relacionados com os Sistemas de Informação Geográfica (SIG). Durante e após o percurso académico teve oportunidade de ingressar vários projetos/trabalhos relacionados com a sua formação base. No decorrer da licenciatura estreou-se no contacto profissional na empresa Municípia, onde desenvolveu as minhas primeiras capacidades como técnico SIG. Durante o período de estágio curricular do Mestrado teve a oportunidade de trabalhar na Câmara Municipal de Lisboa, onde desenvolveu um trabalho de análise exploratória sobre os vários sectores estratégicos da cidade de Lisboa. Depois de concluir o Mestrado integrou-se, como bolseiro, num projeto europeu denominado Flood-CBA, que teve como principal objetivo desenvolver uma plataforma de conhecimento na prevenção de cheias através de análise custo-benefício. Neste período de bolseiro teve também oportunidade de desenvolver outros trabalhos relacionados com áreas protegidas (Arrábida e Berlengas) e estudos sobre o cadastro multifinalitário no Brasil. Por fim, presentemente encontra-se integrado na equipa internacional do projeto Sistema Nacional de Cadastro (SNC), em Timor-Leste, onde coordena a equipa funcional de Cartografia base e temática.

 

Teresa Santos .CICS.NOVA | FCSH/UNL . teresasantos@fcsh.unl.pt

Doutorada em Geografia e Planeamento Regional (especialidade de Deteção remota e SIG), e investigadora do CICS.NOVA, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Colaborou numa série de projetos nacionais e internacionais enquanto investigadora no Centro Nacional de Informação Geográfica, no Instituto Geográfico Português e na FCSH-UNL. Atualmente está a desenvolver investigação no contexto de uma bolsa de Pós-Doutoramento, atribuída pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

As áreas de investigação incluem análises de sustentabilidade em contexto urbano fazendo uso de técnicas de modelação geográfica apoiada em dados obtidos por deteção remota e cartografia digital.

É autora de diversos artigos científicos já publicados em revistas internacionais, livros e capítulos de livros, bem como artigos apresentados em conferências nacionais e internacionais.

 

Marcos Pelegrina. UNICENTRO – Guarapuava-PRmar . cospelegrina@gmail.com

É Bacharel em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (1999), Mestre e Doutor em Engenharia Civil área de concentração Cadastro Técnico Multifinalitário e Gestão Territorial pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009) . Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geotecnologias e Cadastro Multifinalitário, atuando principalmente em Cadastro Fiscal e Gestão Territorial.

 

Rui Pedro Julião. Dep. Geografia e Planeamento Regional | FCSH/UNL . rpj@fcsh.unl.pt

Doutorado em Geografia e Planeamento Regional (especialidade de Novas Tecnologias em Geografia), Professor Auxiliar do Departamento de Geografia e Planeamento Regional da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Professor Auxiliar Convidado do Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação (ISEGI) da Universidade Nova de Lisboa e investigador do e-GEO (Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional), onde coordena o Grupo de Modelação Geográfica, Cidades e Ordenamento do Território (desde Fevereiro 2014). Desempenhou recentemente (de 2002 a 2012) as funções de Subdirector-Geral do Instituto Geográfico Português (responsável pelas áreas de Investigação & Desenvolvimento, Cadastro e Sistema Nacional de Informação Geográfica) e de membro eleito do Management Board do Eurogeographics (associação europeia dos institutos geográficos nacionais) e do Executive Committee do EUROGI (associação europeia dos utilizadores de informação geográfica). É desde 2012 Presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos (APG). É também membro da Comissão Nacional de Geografia (CNG), da Associação de Utilizadores de Informação Geográfica (USIG) e da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional (APDR). É autor de várias publicações (cerca de 60) incluindo livros, capítulos em livros, artigos e comunicações editadas ao nível nacional e internacional e participa regularmente nas principais conferências nacionais e internacionais no domínio da ciência e sistemas de informação geográfica como orador e moderador de sessão, bem como ao nível da organização.

 

Ronald Peixoto Drabik. Eng. Civil

Graduado em Engenharia Civil pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC-PR em Curitiba/PR. Diplomado no II Ciclo de Estudos de Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG, Especialista em Administração da Qualidade e Gestão de Negócios pela Faculdade Católica de Administração e Economia – FAE, em Consultoria Empresarial pela União Educacional de Cascavel – UNIVEL, Especialista em Georreferenciamento de Imóveis Rurais – EAD pela Universidade Federal do Paraná – UFPR e Especialista em Planejamento Urbano e Ambiental pela Faculdade Sul Brasil – FASUL. Ocupou posições executivas em empresas privadas e na administração pública, como Secretário Executivo da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – AMOP, e também por duas oportunidades como Secretario de Planejamento e Urbanismo do Município de Cascavel/PR. Atuou em Entidades Classistas, na Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos do Vale do Ji-Paraná-RO, onde foi Presidente, na Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Cascavel, onde foi Presidente por dois mandatos, fez parte do Conselho Deliberativo no Sinduscon-Oeste – Sindicato da Indústria da Construção Civil do Oeste do Paraná, na ACIC – Associação Comercial e Industrial de Cascavel, onde fez parte do Conselho Deliberativo, na FUNDATEC – Fundação para Desenvolvimento Tecnológico da Indústria da Construção, onde foi Presidente e Vice-Presidente, no IBAPE-PR – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias, onde participou como Vice-Presidente, no Conselho Municipal de Planejamento de Cascavel, onde foi Presidente, no Conselho Municipal da Cidade de Cascavel – CONCIDADE Cascavel, onde atua como Conselheiro Titular, no Conselho Estadual das Cidades – CONCIDADES Paraná, onde atua como Conselheiro Titular e no Conselho Nacional das Cidades, onde atuou como Conselheiro representando a CACB – Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil. Participou do Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia Civil – UNIOESTE – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, como Coordenador, pela AMOP participou do PDR – Plano de Desenvolvimento Regional – projeto desenvolvido pela SEDU/PNUD/IPEA/PARANACIDADE. É professor da Pós Graduação na FAG – Faculdade Assis Gurgacz na disciplina de Engenharia de Avaliações Urbanas.